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Político,
ditador (1930-1945) e presidente eleito (1951-1954), do Brasil, nascido em São
Borja, RS, a mais expressiva figura política da república brasileira, chefe do
getulismo, movimento político-social de sua inspiração. Estudou as primeiras
letras com um mestre-escola na cidade natal e depois da revolução federalista
(1893-1894), continuou os estudos em Ouro Preto, MG, onde já se encontravam
dois irmãos mais velhos, Viriato e Protásio, cursando a Escola de Minas. Porém
um incidente entre estudantes gaúchos e paulistas, de que resultou a morte de
um jovem de São Paulo, levou-os de volta a São Borja.
Assentou praça como soldado raso no 6º batalhão de
infantaria em São Borja (1898) e a seguir foi promovido a sargento (1899).
Entrou na Escola Preparatória e de Tática de Rio Pardo, RS (1900), da qual logo
se desligou em solidariedade a colegas expulsos e concluiu o serviço militar em
Porto Alegre. Apresentou-se como voluntário em Corumbá (1903) diante da ameaça
de guerra entre Brasil e Bolívia, na questão do Acre. De volta ao sul entrou na
faculdade de direito de Porto Alegre (1904) e foi um dos fundadores do Bloco
Acadêmico Castilhista, que propagava as idéias de Júlio de Castilhos.
Participou do lançamento do jornal O Debate (1907), do qual se tornou
secretário de redação.
Diplomado (1907), foi nomeado para o cargo de
segundo promotor público no tribunal de Porto Alegre, mas logo depois voltou
para São Borja. Exercendo a advocacia, iniciou a carreira política pelo Partido
Republicano Rio-Grandense. Eleito deputado estadual pelo Rio Grande do Sul
(1909) e reeleito (1913), mas rompeu com Borges de Medeiros e renunciou ao
mandato. Retornou a São Borja, onde voltou a atuar como advogado.
Reconciliado com Borges de Medeiros (1917),
elegeu-se novamente deputado estadual e tornou-se líder da maioria. Eleito
deputado Federal (1923), foi autor da lei de proteção ao teatro, que levou seu
nome, e participou ativamente da reforma constitucional do governo Artur
Bernardes, que fortaleceu o poder executivo. Foi presidente da comissão de
finanças da Câmara de Deputados, assumiu o Ministério da Fazenda (1926) no
governo de Washington Luís, e formulou um plano de estabilização monetária, que
previa a criação do cruzeiro, mas deixou a pasta (1928) para se candidatar e
eleger-se presidente do estado pelo Partido Republicano do Rio Grande do Sul
para o mandato seguinte (1928-1930).
No ano seguinte Minas Gerais, Rio Grande do Sul e
Paraíba organizaram a Aliança Liberal e lançaram a chapa Getúlio Vargas/João
Pessoa para a sucessão de Washington Luís na presidência. Com as denúncias de
fraudes na eleição de Júlio Prestes (1930), a situação nacional agravou-se com
o assassinato de João Pessoa e, com o apoio do movimento tenentista, a
revolução foi deflagrada no Rio Grande do Sul, Washington Luís foi deposto, e
uma junta de governo transmitiu o poder ao chefe civil da rebelião. O novo
chefe do governo suspendeu a constituição, fechou o Congresso Nacional e
reduziu de 15 para 11 o número de juízes do Supremo Tribunal Federal. Nomeou
interventores para os estados e criou os Ministérios do Trabalho, da Indústria
e Comércio e da Educação e Saúde.
Promulgou uma nova lei sindical e anunciou um
programa de 17 pontos, que incluía as principais promessas da Aliança Liberal.
Esmagou a revolução constitucionalista em São Paulo (1932), promulgou uma nova
constituição (1934) e foi eleito de forma indireta presidente da república por
quatro anos e deu início a processos de reformas que puseram o Brasil agrário e
semicolonial no caminho do desenvolvimento industrial, lançou as bases de uma
legislação trabalhista e inaugurou o populismo e a intervenção do estado na
economia.
Criou a previdência social e os institutos de
aposentadorias e pensões. Pôs os partidos esquerdistas na ilegalidade (1935) e
com a aproximação das eleições diretas marcadas (1938), alegou a existência de
um plano comunista para desencadear a guerra civil e conseguiu poderes
excepcionais ao Congresso. Com eles, dissolveu a Câmara e o Senado, fez prender
e exilar os principais líderes da oposição, revogou a constituição em vigor,
suspendeu as eleições e instaurou no país o chamado Estado Novo.
Sob essa ditadura, reprimiu toda a atividade
política, adotou medidas econômicas nacionalizantes, como a criação do Conselho
Nacional do Petróleo e da Companhia Siderúrgica Nacional, além do início da
construção do complexo siderúrgico de Volta Redonda e criou as bases para a
formação de um corpo burocrático profissional, com a instalação do Departamento
Administrativo do Serviço Público (DASP).
Na segunda guerra mundial, após o afundamento de 37
navios brasileiros no Atlântico e a pressão da opinião pública, declarou guerra
à Alemanha (1942) e pôs em prática o processo de redemocratização do país.
Porém, após II Guerra Mundial, a crise econômica européia e norte-americana
agravara a situação do estado totalitário brasileiro. Na tentativa de salvar
seu poder, decretou a anistia ampla para centenas de presos políticos, entre
eles o chefe comunista Luís Carlos Prestes (1945) e marcou as eleições para 2
de dezembro do mesmo ano, mas terminou deposto em outubro por um golpe militar.
Assumiu o governo José Linhares, presidente do Supremo Tribunal Federal, o STF,
e ele retornou para São Borja. Nas eleições de 2 de dezembro, foi eleito
senador pelo Rio Grande do Sul e por São Paulo e deputado federal pelo Distrito
Federal e mais seis estados, mas manteve-se em São Borja, em exílio voluntário.
No governo de Eurico Dutra, com a elaboração de uma
nova Constituição Brasileira (1946), a quinta Constituição Brasileira que,
entre outras determinações, restabelecia o regime democrático no país e o
direito à educação, resolveu assumir sua cadeira no Senado. Candidatou-se à
presidência (1950) pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) contra o
brigadeiro Eduardo Gomes, que concorria pela União Democrática Nacional (UDN).
Eleito tomou posse em janeiro (1951), mas sua política nacionalista, como a que
orientaria a criação da Petrobrás (1954), encontrou fortíssimos adversários,
entre eles o jornalista Carlos Lacerda.
A nomeação de João Goulart para o Ministério do
Trabalho (1953) desagradou os círculos militares, políticos e empresariais. Em
fevereiro (1954) foi entregue ao ministro da Guerra um manifesto assinado por
48 coronéis e 39 tenentes-coronéis, que exprimia o descontentamento das forças
armadas. Para controlar a situação, nomeou Zenóbio da Costa para o Ministério
da Guerra e demitiu João Goulart.
O aumento de cem por cento para o salário-mínimo
junto com o pedido aos trabalhadores que se organizassem em defesa do governo e
o atentado a tiros no Rio de Janeiro ao jornalista Carlos Lacerda, no qual
morreu o major-aviador Rubens Vaz, que o acompanhava, precipitaram uma crise
política sem precedentes.
A prisão do suposto criminoso e suas revelações de
ligação com a guarda pessoal do presidente e Gregório Fortunato e outros
membros da guarda palaciana foram presos e descobriram-se várias
irregularidades. O presidente reconheceu que, sem seu conhecimento, corria sob
o palácio um mar de lama e os militares exigiam sua renúncia. O presidente
reuniu o ministério e propôs se licenciar até que todas as responsabilidades pelo
atentado fossem apuradas, porém o Exército não aceitou o afastamento
temporário. A pressão foi demais e o presidente retirou-se da reunião e no
mesmo dia, no palácio do Catete, no Rio de Janeiro, RJ, suicidou-se com um tiro
no coração em 24 de agosto (1954), deixando uma carta-testamento de natureza
fundamentalmente política.
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