Açude Epitácio Pessoa "O Boqueirão" |
Boqueirão é um município brasileiro localizado na Região Metropolitana de Campina Grande, estado da Paraíba. Sua população em 2011 foi estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 16.966 habitantes, distribuídos em 424 km² de área.Boqueirão, cidade do interior paraibano, foi fundada por volta de 1664/65, por Antônio de Oliveira Lêdo, filho do Capitão-mor Teodósio de Oliveira Ledo
e de sua primeira esposa, Isabel Paes, bandeirante, emigrante da Bahia,
também Capitão, casado duas vezes, a primeira com Joana Batista Acióli,
a segunda, com Emerenciana de Lucena.Ele foi também fazendeiro,
possuidor de muito gado no sertão de Piranhas e no Cariri, e faleceu em
1751. Pai de cinco filhos, três do primeiro casamento e dois do segundo.
A família Oliveira Lêdo teve um papel crucial e diferenciador nas
entradas de gado no sertão paraibano. Foram os Oliveira Lêdo os
primeiros a se situarem no interior da Paraíba, a uma distância superior
a 14 léguas de distância do mar.A priori, se fixaram onde, atualmente, está localizada a cidade de
Boqueirão, então denominada Carnoió, terra dos ferozes índios cariris. A fazenda dos Oliveira Lêdo tornou-se, então, o centro irradiador da ocupação do Sertão.O Arraial de fundação do município, pouco tempo depois, serviu como
ponto referencial para aqueles que procuravam passagens para explorar os
sertões da Paraíba.O nome “Boqueirão”, que o Dicionário Aurélio define como [sm. 1.
Bocarra; 2. Abertura em encosta marítima, rio ou canal], origina-se,
justamente, de um grande corte que o rio Paraíba fez na serra de
Cornoió.
Desde o tempo de sua fundação, tornou-se célebre a famosa missa de
Natal neste município, pelo fato de arrastar centenas de pessoas para
essa liturgia; o que, provavelmente, justificaria, dada a proximidade em
datas, a tradição da tão famosa Festa de Janeiro de Boqueirão. Todavia,
sobre a origem desta festa, existem apenas conjecturas e algumas
versões que não atestam tal relação.Conta-se que nesta época, uma média de 300 km eram percorridos por gentes vindas do Piranhas e Piancó.
Era a fé católico-cristã batendo nos corações nordestinos que buscavam o
conforto para a vida e o encontro com Deus. Aliado a isso, o espírito
festivo que imperava naquelas pessoas que ansiavam por encontros com
familiares, com amigos e diversão as motivavam na busca de
entretenimento.
Existem, ainda, no imaginário do cidadão boqueirãoense, muitas
histórias, lendas e mitos, acerca da origem do município e seus
personagens fundadores, bem como de muitas outras histórias de seus
moradores e pessoas de alto prestígio social que passaram por Boqueirão.
Tais histórias, ainda hoje, circulam nas rodas de conversa entre amigos
que se reúnem no Mercado Público Municipal, histórias reais,
ficcionais, tristes e engraçadas, enfim, “causos” que permanecem em
aberto para estudos culturais.A independência do município, no seu aspecto administrativo, ocorreu
em 1959, embasada pela Lei n. 2.078 de 30 de abril, desmembrando-se da
vizinha cidade de Cabaceiras e ficando formada por 5 distritos, a saber: Sede, Alcantil, Bodocongó, Caturité e Riacho Santo Antonio.O município de Cabaceiras serviu apenas como limite para o município
de Boqueirão, que estava adquirindo sua emancipação administrativa,
consequentemente, uma vida própria para alocar individualmente seus
recursos.
Na classificação das microrregiões, Boqueirão encontra-se na
microrregião dos Cariris Velhos, tendo por limites demarcatórios ou
fronteiriços as cidades de Campina Grande, Caturité,
Cabaceiras, Barra de Santana e Riacho de Santo Antônio. O seu comércio
quando da emancipação política até bem próximo era normalmente feito em
Campina Grande, entretanto, a maioria de seus produtos, que são
exportados, vão para essa cidade, devido a sua demanda precisar destes
produtos, que atendem muito bem àqueles que necessitam.No aspecto demográfico, constata-se que, em 1960, a população do
município era de 19.600 habitantes, com uma densidade demográfica de
15,99 hab/km². Para o ano de 1970 a densidade demográfica era de 20.92
hab/km². Do total da população 12.903 eram do sexo masculino e 13.404 do
sexo feminino. Entretanto, na zona rural, viviam em 1970, 21.721
habitantes. Já em 1980 a população municipal era de 30.624 habitantes,
sendo 14.874 do sexo masculino e 15.874 do sexo feminino. A densidade
demográfica era de 24,36 hab/km². No total da população houve um
crescimento apreciável no seu contingente, em todo o território
municipal.
Atualmente, cobre uma área de 425 Km2, com uma população de 15. 877
habitantes, com densidade demográfica de 37,4 hab/km², segundo dados do IBGE/2006.No que se refere a acidentes geográficos, temos, em Boqueirão, a
serra de Cornoió com oitocentos metros pertencente ao conjunto da serra
da Borborema.O município está incluído na área geográfica de abrangência do semiárido brasileiro, definida pelo Ministério da Integração Nacional em 2005 . Esta delimitação tem como critérios o índice pluviométrico, o índice de aridez e o risco de seca.No tocante ao aspecto climático, verifica-se o clima quente e seco,
com temperatura máxima em torno de 37º e mínima de 16º. O mês de março é
o começo do inverno, que termina em julho de cada ano. Deste modo,
considerando que tal projeção climática não fuja destas perspectivas
meteorológicas, o clima da região acaba impulsionando uma economia de
subsistência, no cultivo de uma agricultura rasteira e até uma atividade
de pesca, que é a salvação daqueles que não tem condições de
sobrevivência em outros lugares.
O município apresenta uma estrutura comercial bastante diversificada,
com micro e pequenos empresários que investem tanto no comércio de bens
de consumo quanto nas construções e moradias; como também, empresários
do setor têxtil, tanto artesanal quanto industrial, como é o caso do
comércio de tapetes e redes, e da confecção de roupas em jeans.Com relação à produção artesanal de redes e cobertores, Boqueirão já
foi conhecida como uma dos municípios mais ativos na produção e
comercialização destes produtos. Todavia, sofreu, durante um longo
período, um decréscimo considerável desta atividade comercial. Boqueirão, antes da emancipação política de seus distritos, cobria
aproximadamente 1.257 km², no posto de 3º maior Município do Estado, em
extensão territorial na Paraíba.
Através do Projeto Cooperar, o Governo do Estado tem investido em
Boqueirão, contemplando 241 famílias, assim distribuídos: agroindústria
de Derivados de Cactus, no Sitio Moita; agroindústria de derivados de
Cactus, no Sitio Moita, apoio ao artesanato no Sitio Tabuado; sistema de
abastecimento d’água singelo no Sitio Tanques / Tanque Comprido;
sistema de abastecimento d’água singelo nos sítios Olho d’água e
Roberto; sistema de abastecimento d’água singelo, no Sítio Mineiro; e
apoio a caprinocultura nos Sítios Carcará / Urubu. Em eletrificação
rural, a previsão é de 64 ligações. O Governo também investe na
construção de Matadouro Público na cidade.
Um estudo desenvolvido recentemente pela Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (CAGEPA) revelou que o volume hídrico acumulado no açude Epitácio Pessoa(Boqueirão) sofreu uma redução de 67,27% nos últimos 20 anos.Neste mesmo período, segundo dados da pesquisa, o número de ligações de água em prédios residenciais e comerciais em Campina Grande,
por exemplo, aumentou em 102,9%. As ligações de água nos prédios
residenciais e comerciais passaram de 40.298, em 1983, para 81.796, em
2003. A Represa Epitácio Pessoa, de acordo com dados do DNOCS,
possui uma extensão 2 410 km², com um espelho d'água de 2 680 hectares,
com capacidade máxima (sem ultrapassar a lâmina do vertedouro) de 381
036 000 m³. Construído entre os anos de 1951 e 1956, e inaugurado em
1957, já com mais de meio século de existência, portanto, é responsável
pelo abastecimento de mais de 20 cidades.
Não se pode deixar de mencionar que Boqueirão exerce uma importância
fundamental na economia do Estado da Paraíba, tendo em vista que o açude
Epitácio Pessoa acumula uma quantidade de água que beneficia não apenas
sua população, mas a população das cidades circunvizinhas, além do que,
é das águas do açude Epitácio Pessoa que Campina Grande “se apropria”
de modo a suprir a energia necessária para o desenvolvimento da
atividade econômica industrial e, inclusive, agrícola.Todavia, existe, de acordo com o diretor do DNOCS em Boqueirão,
Everaldo Jacobino de Moura, um fator preocupante: o assoreamento.
Segundo ele, a batimeria (estudo do nível do assoreamento) feita no
açude Epitácio Pessoa entre os anos de 1998 e 1999 revelou que, quando
de sua fundação, o açude tinha a capacidade total de 535 680 000 m³, e,
ao longo de meio século, esta capacidade foi reduzida para 411 686 287
m³.
Ainda segundo Everaldo Jacobino de Moura, o DNOCS pretende avaliar a
possibilidade de aumentar a extensão do sangradouro auxiliar, para não
comprometer a barragem principal nem a auxiliar.A atividade cultural de Boqueirão, até bem pouco tempo atrás, concentrava-se apenas nas Quadrilhas Juninas
e Festas de Padroeira animadas por grupos locais e pela Filarmônica
Municipal, além da apresentação anual das peças teatrais da Paixão de
Cristo e Natal. Além disso, também eram famosas as vaquejadas que
contavam com a presença não apenas da vizinhança, mas, até mesmo, de
pessoas vindas de outros Estados do Nordeste. As cantorias de violeiros
também marcam as festas tradicionais do município, atividade esta ainda
hoje realizada, todavia não muito valorizada pelo público.
Atualmente, Boqueirão exporta arte em todos os sentidos. São inúmeros os seus filhos que, pela Paraíba e pelo Nordeste
como um todo, apresentam toda a riqueza de sua música (como é o caso do
saxofonista Sarayva), dança, literatura, dramaturgia, etc. Podemos
destacar a Filarmônica Municipal, o grupo Kiriri Band, a orquestra de
frevo, as companhias de dança municipais, os grupos de chorinho, seus
violonistas e, mais recentemente, seus escritores – poetas e poetisas,
contistas e ensaístas.O suporte da Prefeitura Municipal e dos Governos Estadual e Federal
tem alavancado a produção cultural de Boqueirão, que realiza já há três
anos o Balaio Cultural, que teve sua primeira edição em 2005 e, em 2007,
sua segunda edição, que contou com cerca de 140 artistas vindos de
vários estados brasileiros, como Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.
No II Balaio Cultural, foram realizados espetáculos de dança, música,
teatro, congresso de violeiros, além de seminários, oficinas de artes,
feira de artesanato e exposição fotográfica. Destacaram-se, entre outros
artistas, os professores André de Sousa, do Mato Grosso do Sul; Duda
Braz, de São Paulo; Carlos Henrique, de Minas Gerais e Flávio Fortaleza,
de Santa Catarina. A Paraíba esteve representada por grupos do próprio
município e das cidades de Campina Grande, Alcantil, Cajazeiras, Sousa, Monteiro e Riacho de Santo Antônio.
De acordo com a avaliação dos organizadores, mais de 2.500 pessoas
prestigiaram o acontecimento, com uma média de 500 participantes por
noite, o que mostra a evolução cultural do município no cenário
Paraibano e Nacional, sem sombra de dúvidas.Boqueirão viu nascer, também em 2007, a “Parede poética”, evento que
apresentou à sociedade boqueirãoense a literatura engajada do poeta e
deputado Dunga Júnior ,
bem como as poesias de Paulo da Mata, Jane Luiz Gomes, Marilândia
Pereira, Mirtes Waleska e Malcy Negreiros, bem como os contos, crônicas,
poesias e outras produções literárias de Maxwell Fernandes Dantas e
Kleber Brito.
A criação da ABES (Academia Boqueirãoense de Escritores), em meados
de 2009, veio levantar a pedra fundamental da Literatura no município e
inaugura uma nova fase na cultura do Cariri Paraibano.A ABES, desde 2010, realiza a FLIBO (Feira Literária de Boqueirão).
Durante o mês de março, a efervescência literária boqueirãoense se
concretiza na realização de palestras, oficinas literárias, exposição,
divulgação e publicação de livros. Já passaram pelo evento nomes como
Jessier Quirino (2010), Bráulio Tavares (2010 e 2011), Ronaldo Cunha
Lima (2010) e Ariano Suassuna (2011).
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