sexta-feira, 28 de abril de 2017

1953, Acontece em São Paulo a Greve dos 300 Mil

Imagem da Net
Em 1953, a cidade de São Paulo vivenciou um dos principais momentos de luta dos trabalhadores industriais quando ocorreu a greve dos 300 mil. Iniciada nas indústrias do setor têxtil, rapidamente ela se alastrou a outros setores industriais, mobilizando um enorme contingente de trabalhadores. 

Foi também uma das principais manifestações dos trabalhadores durante o governo democrático de Getúlio Vargas.Desde o período do governo do general Dutra que as greves e a organização sindical fora das estruturas do Estado estavam proibidas. A chegada de Vargas novamente ao poder criou nos trabalhadores a expectativa de uma maior liberdade de organização sindical, em decorrência do discurso de campanha do antigo ditador se direcionar mais aos trabalhadores. 

Outro motivo que levou os trabalhadores a se manifestarem foi a alta inflação dos anos anteriores que estava acabando com o poder de compra dos salários dos operários. O salário mínimo criado em 1943 havia sido aumentado apenas uma vez e de forma insuficiente. Nesse sentido, a luta dos operários direcionava-se tanto para um aspecto econômico, de aumento salarial, quanto a um aspecto de organização sindical.As manifestações iniciaram-se em 18 de março de 1953, quando uma passeata chamada de “Panela Vazia” reuniu 60 mil pessoas, que caminharam da Praça da Sé até o palácio Campos Elísios, sede do governo do Estado, exigindo o reajuste salarial. Uma semana depois, cerca de 300 mil pessoas paralisaram suas atividades laborais. Iniciada no setor têxtil, logo a greve se espalhou para setores como os dos metalúrgicos, dos gráficos, dos marceneiros e dos vidraceiros. 

Com uma situação sindical em que os sindicatos estavam atrelados à estrutura corporativista do Estado, os trabalhadores passaram a se organizar a partir de comitês de empresa, que uniam os trabalhadores a partir de seus locais de trabalho. Da ligação entre esses comitês, foi formada uma Comissão Intersindical, que atuava à margem da estrutura sindical corporativa. O resultado de tal ação no âmbito sindical foi o surgimento de uma nova geração de militantes sindicalistas, distantes do aparelhamento do Estado, que criou o Pacto de Unidade Intersindical (PUI).

A greve foi vitoriosa por ter alcançado seu objetivo econômico, com um aumento salarial de 32%. Mas também foi vitoriosa por criar laços de solidariedade entre diversas categorias profissionais e também com parte da população. O sindicato dos médicos prestou assistência médica gratuita aos grevistas, principalmente após os confrontos quase diários com a polícia. No bairro operário da Mooca, foi montada uma cozinha comunitária onde refeições eram elaboradas para serem distribuídas aos trabalhadores paralisados. 

O Partido Comunista Brasileiro (PCB), que à época ainda atuava na clandestinidade, teve uma participação importante no auxílio à organização do movimento. Um dos nomes de destaque foi o de Carlos Marighela, que atuou na articulação dos vários pontos onde se desenrolava a luta. Porém, havia oposições à linha do PCB no interior do movimento, principalmente no que se referia às passeatas, pois setores sindicalistas viam a necessidade de evitá-las para diminuir os enfrentamentos com a polícia.

Após quase um mês de greve, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) chegou a um acordo com os patrões para que concedessem o aumento de 32%. Porém, cerca de 400 grevistas perderam seus empregos ao voltarem aos seus trabalhos. Como a maioria era composta por sindicalistas, a presença desses grevistas nas fábricas não era aceita pelos patrões, em virtude do perigo que poderiam representar ao poder dos empresários, já que poderiam influenciar os demais trabalhadores.



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