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Em 1953, a cidade de São Paulo vivenciou um dos principais momentos de luta dos trabalhadores industriais quando ocorreu a greve dos 300 mil.
Iniciada nas indústrias do setor têxtil, rapidamente ela se alastrou a
outros setores industriais, mobilizando um enorme contingente de
trabalhadores.
Foi também uma das principais manifestações dos
trabalhadores durante o governo democrático de Getúlio Vargas.Desde o período do governo do general
Dutra que as greves e a organização sindical fora das estruturas do
Estado estavam proibidas. A chegada de Vargas novamente ao poder criou
nos trabalhadores a expectativa de uma maior liberdade de organização
sindical, em decorrência do discurso de campanha do antigo ditador se
direcionar mais aos trabalhadores.
Outro motivo que levou os trabalhadores a
se manifestarem foi a alta inflação dos anos anteriores que estava
acabando com o poder de compra dos salários dos operários. O salário
mínimo criado em 1943 havia sido aumentado apenas uma vez e de forma
insuficiente. Nesse sentido, a luta dos operários direcionava-se tanto
para um aspecto econômico, de aumento salarial, quanto a um aspecto de
organização sindical.As manifestações iniciaram-se em 18 de março de 1953, quando uma passeata chamada de “Panela Vazia”
reuniu 60 mil pessoas, que caminharam da Praça da Sé até o palácio
Campos Elísios, sede do governo do Estado, exigindo o reajuste salarial.
Uma semana depois, cerca de 300 mil pessoas paralisaram suas atividades
laborais. Iniciada no setor têxtil, logo a greve se espalhou para
setores como os dos metalúrgicos, dos gráficos, dos marceneiros e dos
vidraceiros.
Com uma situação sindical em que os
sindicatos estavam atrelados à estrutura corporativista do Estado, os
trabalhadores passaram a se organizar a partir de comitês de empresa, que uniam os trabalhadores a partir de seus locais de trabalho. Da ligação entre esses comitês, foi formada uma Comissão Intersindical,
que atuava à margem da estrutura sindical corporativa. O resultado de
tal ação no âmbito sindical foi o surgimento de uma nova geração de
militantes sindicalistas, distantes do aparelhamento do Estado, que
criou o Pacto de Unidade Intersindical (PUI).
A greve foi vitoriosa por ter alcançado
seu objetivo econômico, com um aumento salarial de 32%. Mas também foi
vitoriosa por criar laços de solidariedade entre diversas categorias
profissionais e também com parte da população. O sindicato dos médicos
prestou assistência médica gratuita aos grevistas, principalmente após
os confrontos quase diários com a polícia. No bairro operário da Mooca,
foi montada uma cozinha comunitária onde refeições eram elaboradas para
serem distribuídas aos trabalhadores paralisados.
O Partido Comunista Brasileiro
(PCB), que à época ainda atuava na clandestinidade, teve uma
participação importante no auxílio à organização do movimento. Um dos
nomes de destaque foi o de Carlos Marighela, que atuou na articulação
dos vários pontos onde se desenrolava a luta. Porém, havia oposições à
linha do PCB no interior do movimento, principalmente no que se referia
às passeatas, pois setores sindicalistas viam a necessidade de evitá-las
para diminuir os enfrentamentos com a polícia.
Após quase um mês de greve, o Tribunal
Regional do Trabalho (TRT) chegou a um acordo com os patrões para que
concedessem o aumento de 32%. Porém, cerca de 400 grevistas perderam
seus empregos ao voltarem aos seus trabalhos. Como a maioria era
composta por sindicalistas, a presença desses grevistas nas fábricas não
era aceita pelos patrões, em virtude do perigo que poderiam representar
ao poder dos empresários, já que poderiam influenciar os demais
trabalhadores.
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