A Al-Qaeda, nome árabe
que significa “A Base”, é uma organização radical islâmica de atuação
internacional que foi fundada no ano de 1988. Essa organização tem duas
formas principais de atuação: o terrorismo (praticado por meio de ações como atentados a bomba e sequestros) e o jihadismo (combate armado em locais específicos, como a Síria e o Iêmen). Um dos seus principais idealizadores foi o saudita Osama Bin Laden, e o mais terrível ato de terrorismo atribuído a essa organização foi o atentado de 11 de setembro de 2001 aos Estados Unidos.
A origem da al-Qaeda, como bem explana o investigador independente e filósofo John Gray “está
na Guerra Fria. Ela desenvolveu-se no final da década de 1980, durante a
luta contra a invasão soviética do Afeganistão orquestrada pelos EUA,
pela Arábia Saudita e pelos governos europeus. Com base nas estruturas
operacionais que herdou daquela época, tornou-se o primeiro praticante
da guerra não-convencional a ser realmente mundial em suas operações” [1] p. 93.
Além de treinamento tático e domínio de
armamento, os combatentes muçulmanos que lutaram no Afeganistão, no
início dos anos 1980, também receberam de órgãos como CIA conhecimento
de organização de inteligência militar, isto é, a capacidade de montar
um comando avançado de operações. Ironicamente, anos mais tarde,
imbuídos de ideologia radical oriunda das ideias de intelectuais
muçulmanos como Said Qutb, esses combatentes promoveram ataques coordenados aos próprios Estados Unidos.
Said Qutb, que mencionamos acima, foi um professor egípcio que estudou nos EUA e tornou-se, depois, um dos líderes da Irmandade Muçulmana,
o berço do radicalismo islâmico do século XX. Na temporada que passou
nos EUA, Qutb desenvolveu verdadeira ojeriza pelo modo de vida dos
americanos e pela liberdade de que esses gozavam tanto na área política
quanto no âmbito dos costumes. Os livros que Qutb escreveu condenando a
cultura ocidental tornaram-se os “evangelhos” dos grupos terroristas que
se formariam a posteriori no mundo muçulmano. Osama Bin Laden foi uma
das lideranças nutridas pelos argumentos de Qutb, argumentos esses
apresentados ao saudita pelo irmão do intelectual egípcio, Muhamad, como atesta John Gray:
A ideologia da
al-Qaeda é um típico híbrido moderno. Embora afirmem ser expoentes de
uma tradição nativa, seus fundadores reinterpretaram o islamismo à luz
do pensamento ocidental contemporâneo. Na universidade Rei Abdul Azis em
Jedah, Osama Bin Laden teve aulas de estudos islâmicos com Muhamad
Qutb, irmão de Said Qutb, o ideólogo que, mais que nenhum outro,
inventou o islamismo radical. De certa forma mais moderado que o irmão,
Muhamad Qutb ainda assim compartilhava com ele a crença de que o
Ocidente sofria de uma “grande fome espiritual”. Passou esta convicção
para Bin Laden. [2] pp. 93-94.
Além da tragédia do 11 de setembro de
2001, que produziu quase 3.000 mortos, são atribuídos à Al-Qaeda as
seguintes ações: ataque à embaixada americana no Quênia, em Nairóbi, no
dia 7 de agosto de 1998; ataque à embaixada americana da Tanzânia, em
Dar es Salaam, no mesmo dia do de Nairóbi; explosão do bombardeiro
americano USS Cole, que estava atracado no Iêmen, em 12 de outubro de
2000; ataques ao sistema de metrô de Londres, em 7 de julho de 2005; e
ataque a tiros à redação do jornal satírico francês Charlie Hebdo, em
Paris, no dia 7 de janeiro de 2015.
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