sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A História de Guarabira Pb



             (Avenida Dom Pedro II no Centro de Guarabira)
Como maior e mais importante município da região, Guarabira está localizada no Piemonte da Borborema, Estado da Paraíba, em região de Depressão. É zona de transição entre o Agreste e o Brejo. Na área agrestina, o seu relevo assemelha-se ao do Sertão, com uma vegetação típica de Caatinga. Também está situado entre os Baixos Platôs Costeiros, conhecidos por Tabuleiros e no rebordo do Planalto da Borborema, onde surgem as suas principais serras: Tapado, Quati, Bonfim, Cruzeiro e Mata Limpa, todas com altitudes inferiores a 300 metros. Com essa altitude se destaca a Serra da Jurema, seu pico culminante.

Está a 97 metros acima do nível do mar, tendo como coordenadas geográficas 06°51’17” de Latitude e 35°29’24” de Longitude. A sua área é de 149,5 km² por onde se espalha uma população de aproximadamente 60 mil habitantes, distribuídos pela cidade e município como um todo. Limita-se ao Norte com Pirpirituba e Araçagi, ao Sul com Mulungu e Alagoinha, a Leste com Araçagi e a Oeste com Pilõezinhos e Cuitegí.

O acesso e partida do município são proporcionados por estradas devidamente asfaltadas, facilitando a interação com outros municípios e capitais nordestinas. Está a 98 quilômetros de João Pessoa, capital do Estado e a 100 de Campina Grande, segunda maior cidade paraibana; a 580 quilômetros de Fortaleza-CE, via Belém e a 700 via Mamanguape; a 165 quilômetros de Natal-RN, via Belém e a 180 quilômetros via Mamanguape e a 200 quilômetros de Recife-PE, via João Pessoa.

É banhado pelo rio Guarabira, com nascentes no vizinho município de Pilõezinhos, sendo alimentado pelos afluentes riachos Curral Picado, Poço Escuro, Poções, Quandú, Tauá e Palmeira. O rio Araçagí, também percorre parte do seu território, passando pelos povoados de Maciel e Escrivão. É cortado, ainda, pelo rio Mamanguape que atravessa o distrito de Cachoeira dos Guedes, e se presta, também, a limitar Guarabira com os municípios de Mulungu e Araçagí. No período de estiagens o leito e margens desse, são utilizados para plantio de gramíneas e batata-doce.

As temperaturas do município variam entre 36° e 20°, sendo os meses de janeiro e fevereiro os mais quentes e os de julho e agosto os mais frios do ano. Temos um clima quente e úmido, com chuvas de outono-inverno. Ao longo da sua evolução, a flora guarabirense sofreu um desbaste acentuado, a ponto de ter apenas atualmente, 1.000 hectares cobertos de matas, dos quais apenas 6,8% (seis vírgula oito por cento) são devidamente preservados. Na Serra da Jurema ainda podem ser encontrados resquícios da Mata Atlântica, fortemente ameaçados de extinção, devido a presença do Memorial Frei Damião.

Da sua fauna encontramos ainda, poucos pássaros canoros como galos-de-campina, golados (coleirinhas), cabeças-pretas (papa-capins), gaturamos, azulões, bigodes, bem-te-vis, chorões, caboclinhos. Também são encontrados ainda nambus, gaviões, jabutis, rolinhas, corujas, urubus, cobras, raposas, sagüis, preás, gatos-do-mato, guaxinins, camaleões, ratos-do-mato e tatus. A Microrregião de Guarabira é formada pelos municípios de Alagoinha, Araçagí, Belém, Caiçara, Cuitegi, Duas Estradas, Lagoa de Dentro, Logradouro, Mulungu, Pilõezinhos, Pirpirituba, Serra da Raiz, Sertãozinho e o próprio, abrangendo uma área de 1.319 km², ocupada por cerca de 165.000 habitantes espalhados pelas sedes municipais e zona rural.

Agricolamente, essa Microrregião se destaca no Estado da Paraíba pela produção de feijão (Lagoa de Dentro); algodão (Logradouro, Caiçara e Mulungu) e cana-de-açúcar (Guarabira, Araçagí, Pirpirituba e Alagoinha). Nessa área também surgem minerais metálicos (Mulungu, Cuitegi, Lagoa de Dentro e Guarabira). No nosso município também podem ser encontrados alguns tipos de gemas. No século XVI, a região foi alvo de penetração dos colonizadores portugueses que buscavam coibir o contrabando freqüente do pau-brasil (ibirapitanga ou arabutan), praticado pelos franceses apoiados pelos potiguaras da Serra de Cupaoba, atual Serra da Raiz. As expedições eram rechaçadas violentamente pelos indígenas, fazendo com que o Governador Feliciano Coelho de Carvalho, realizasse outras entradas fortemente armadas para dominar definitivamente Cupaoba. O local era de difícil acesso devido a sua posição geográfica, impedindo a vitória rápida dos portugueses que mais tarde chegariam mais uma vez, fazendo-se acompanhar do olindense Duarte Gomes da Silveira, que chegara à Paraíba com o Ouvidor Geral Martim Leitão. Em 29 de outubro de 1586, os portugueses conseguiram dizimar as mais de quarenta aldeias espalhadas pela Serra e chefiadas pelos caciques Pao Seco e Zorobabé. Tomadas as terras dos índios vencidos, foram mais tarde distribuídas em sesmarias pelas autoridades portuguesas com grande parte dos que se envolveram no processo de colonização paraibana, bem como com os sacerdotes que os apoiavam desde o princípio.

Futuramente, Silveira seria contemplado com o título de capitão-mor da Serra de Cupaoba, em reconhecimento pelos seus trabalhos no combate aos indígenas ali residentes e devido às suas realizações na região. Nas proximidades de Araçagi, atual município vizinho ao nosso, teria erguido currais e praticado agricultura, às margens do rio Quandús, onde habitava tribo com essa mesma denominação. Em Guiraobira ou Guirabira, designação tupi da época ao nosso lugar, ergueria o engenho Morgado, para a produção de açúcar mascavo. Por volta de 1641, o Governador holandês na Paraíba, Elias Herckmans, fez referência aos bens de Silveira na região, em documento elaborado como resultado da sua viagem à Serra de Cupaoba.

Mamelucos vindos de Olinda, para libertar indígenas aprisionados pelos portugueses; holandeses que desejavam encontrar minas auríferas e uma raiz de planta medicinal muito utilizada pelos silvícolas, no tratamento de ferimentos, foram outros povos que por aqui passaram. A nossa terra foi importante ponto de apoio e descanso dos desbravadores portugueses, franceses e holandeses, por estar nas proximidades da Cupaoba e intermediava o acesso a Mamanguape, por onde se dava o escoamento do pau-brasil contrabandeado pelos franceses, através do porto de Salema.

Em 21 de setembro de 1690, o Padre Francisco Ferreira, requereu e recebeu de Amaro Cerqueira, uma sesmaria com duas léguas em quadro, nas cabeceiras do rio Goijaemenduba. Nelas estariam as terras de Duarte da Silveira. Aliás, o historiador José Leal, assim se expressa sobre a fundação de Guarabira “A atual cidade de Guarabira, segundo se deduz dos documentos da época, foi fundada neste ano [1694] em terras pertencentes ao Engenho Morgado, de Duarte Gomes da Silveira”.

Em 1755, chegou à região o português José Gonçalves da Costa Beiriz, fugindo do seu país, onde a 10 de novembro ocorrera um terremoto de proporções catastróficas, matando mais de quarenta mil pessoas, só na cidade de Lisboa. Gostando das terras que visitou, comprou-as por seis mil cruzados ao Padre Francisco Ferreira e regressou a Concelho de Póvoa de Varzim, Distrito do Porto, seu torrão natal, para apanhar os familiares e conduzi-los à sua nova terra. Com Beiriz vieram os filhos Virgínia, Catarina, Romana e Cosme (sacerdote) e o sobrinho José Joaquim da Silva, que se casaria futuramente com a prima Virgínia. Com a ajuda dos escravos, Beiriz ergueu um engenho moderno por ter eixos de ferro, nas imediações da atual rua Costa Beiriz, centro de Guarabira.

Quando chegou, Beiriz trazia consigo a imagem da Virgem da Luz, pois lhe fizera a promessa de erguer uma capela em sua homenagem na localidade que viesse a fixar residência com os familiares. Edificou-a em 1756 e expôs a imagem da Virgem da sua devoção e as missas e novenas foram ali oficiadas pelo filho Cosme. A capela ruiria mais tarde por não resistir às intempéries do tempo, entretanto uma outra edificada em 15 de maio de 1730, pelo Padre João Milanez, à Virgem da Conceição, continuaria de pé, recebendo os fiéis da época.

A designação do lugar, GUIRABIRA ou GUIRAOBIRA vem do tupi-guarani e a sua tradução não corresponde à unanimidade dos estudiosos da língua silvícola. Segundo Cleodon Coelho, para o Padre Luiz Santiago, os nossos indígenas denominavam o lugar como Guara-Bira ou Guara-Pora, e afirmava que a posposição nominal (Bira ou Pora), indica moradia, traduzindo o vocábulo como “moradia dos guarás”, e como a região era habitat de garças azuis, freqüentadoras da grande lagoa onde havia uma plantação natural de embiras, dá-lhe a tradução de “Berço das Garças Azuis”.

Em 1821, João Gonçalves em Pirpirituba e José Pereira Neves em Guarabira, protestaram veementemente contra as eleições paroquiais que beneficiariam a aprovação da Constituição Portuguesa, cujas bases já haviam sido juradas em solene sessão ocorrida na Câmara. Em 15 de janeiro de 1837, a Assembléia foi reaberta e o povoado de Guarabira foi elevado à condição de Vila com o nome de Independência, através do Decreto 17, de 27 de abril daquele mesmo ano, para homenagear o fato histórico do Grito do Ipiranga (7/9/1822), protagonizado por D. Pedro I. Nesse momento também foi criada a Freguesia de Nossa Senhora da Luz, não se sabendo explicar porque não se deu em nome da Virgem da Nossa Senhora da Conceição, a quem o padre Milanez havia erguido a primeira capela na região. Em 26 de novembro de 1887, a Lei nº 841, restituiu ao povoado o nome de Guarabira e lhe elevou à condição de cidade.

Após alcançar a condição de cidade/município em 26 de novembro de 1887, a área rural guarabirense apresentou significativas modificações, quando algumas localidades deixaram de ser isoladas e se transformaram em pequenos núcleos habitacionais, umas maiores e outras menores, dependendo do seu grau de desenvolvimento agropastoril. Surgiram Pilõezinhos em 1856, Pirpirituba em 1860, Araçagí, Mulungu e Alagoinha em 1870 e Cuité (Cuitegí), em 1873.

Em 1938, o Decreto-Lei nº 1.010 de 30 de março, transformou em distritos todos aqueles povoados rurais. Pelo Decreto-Lei nº 1.164, de 15 de novembro daquele mesmo ano, foi alterado o nome do distrito de Cuité para Cuitegí, evitando-se confundi-lo com o município de Cuité, na região do Curimataú paraibano.
Em 1943, o Decreto-Lei nº 520 de 31 de dezembro, criou o distrito de Contendas e alterou os nomes de Mulungu para Camarazal e Alagoinha para Tauatuba. Em 1950, foi extinto o distrito de Contendas e em 1951, foi criado o distrito de Pilõezinhos.

A partir de 1953, os distritos foram alcançando emancipação política: Pirpirituba (Lei nº 979 de 2/12/1953), Alagoinha (Lei nº 980 de 3/12/1953), Mulungu (Lei nº 2.074 de 29/4/1959), Araçagí (Lei nº 2.147 de 22/7/1959), Cuitegí (Lei nº 2.685 de 26/12/1961) e Pilõezinhos (Lei nº 3.128 de 27/12/1963). Atualmente, Guarabira, além da própria sede, tem apenas o distrito de Cachoeira dos Guedes. A transformação dos distritos em cidades diminuiu a área total de Guarabira de 853 km², para 149,5 km².

INTENDENTES, CONSELHEIROS E PREFEITOS (1890-2008)

Quando da criação do Conselho de Intendência em 1º de janeiro de 1890, (Decreto nº 7), foram nomeados intendentes de Guarabira, José Maria de Andrade (presidente), Firmino Alves Pequeno (vice-presidente) e Francisco de Paula Ferreira (secretário). Ao renunciarem aos cargos, foram substituídos por José Álvares Pragana, José Severino de Araújo Benevides e José Leônidas, presidente, vice e secretário, respectivamente. A Lei nº 9, de 17 de dezembro de 1892, extinguiu as intendências, substituindo-as por Conselhos Municipais, que se compunham de nove conselheiros nas cidades e sete nas vilas, com mandatos de 4 anos. Ao presidente do Conselho, escolhido em eleição no dia da sua instalação, cabia a administração da localidade. .

Em 25 de outubro de 1900, era extinto o cargo de prefeito, em vigor a partir de 2 de março de 1895, pela Lei nº 27, pelo que se voltou a obedecer as normas da antiga Lei nº 9, de 17/12/1892, quando a administração do município voltou a ser exercida por um Conselho. O cargo de prefeito voltou a vigorar a partir de 14 de novembro de 1904, pela Lei nº 221, extinguindo-se os Conselhos.

Desde então, a administração pública de Guarabira foi exercida até 1935 por: Francisco Joaquim (Quincas) de Andrade Moura, de 1896 a 1900, tendo acontecido a sua nomeação em 1895; Manoel Pereira da Silva Simões, de 1905 a 1909; Luiz Galdino Sales, de 1909 a 1912; João de Farias Pimentel, de 1912 a 1915); Manuel Lordão, de 1915 a 1918, quando foi substituído por José Álvares Trigueiro até 1921; Osório de Aquino Torres, de 1921 a 1925, sendo substituído em 1922, por Amaro Guedes Beltrão até 1925, quando regressou e concluiu o mandato; Antônio Galdino Guedes, de 1925 a 1929; Sebastião Bezerra Bastos, de 1929 a 1932, tendo o seu mandato sido concluído por Luciano Varedas; José Tertuliano Ferreira de Melo, de 1932 a 1935; cônego Francisco Bandeira Pequeno, de 1935 a 1937, tendo o mandato sido concluído por João Medeiros Filho e Waldemar Menino.

Com a institucionalização do Estado Novo pelo presidente Getúlio Vargas (1937/1945), foram cassados os partidos políticos e suspensas as eleições democráticas, através da Constituição “polaca”, assim denominada por ser inspirada nas constituições fascistas. Ai, os governadores deram lugar a interventores nomeados por Vargas, cabendo-lhes a responsabilidade de nomear os novos interventores. Foram interventores de Guarabira: Sabiniano Alves do Rego Maia, de 1937 a 1940, tendo o seu mandato sido concluído por Osmar de Araújo Aquino; Osório de Aquino Torres, de 1940 a 1942; Sebastião Vital Duarte, de 1942 a 1944; Sebastião Bezerra Bastos, de 1944 a 1945; Antônio Galdino Guedes, de 1945 a 1947, tendo o seu mandato sido concluído por Cláudio Viana, João de Farias Pimentel Filho, Osório de Aquino Torres e Sílvio Pélico Porto. Aqui está evidenciada a força das composições e acordos políticos já nesse período, embora em outros momentos essas forças políticas se separassem definitivamente assumindo parcelas importantes do eleitorado guarabirense.

Com o restabelecimento da democracia, o município foi administrado por prefeitos escolhidos em eleições: Sabiniano Alves do Rego Maia, de 1947 a 1951, tendo o seu mandato sido concluído pelo vice-prefeito José (Xixi) Barbosa de Lucena; Augusto de Almeida, de 1951 a 1955; Osmar de Araújo Aquino, de 1955 a 1959; novamente Augusto de Almeida, de 1959 a 1963; João de Farias Pimentel Filho, de 1963 a 1969; Gustavo Amorim da Costa, de 1969 a 1973; novamente João de Farias Pimentel Filho, de 1973 a 1977; Antônio Roberto de Sousa Paulino, de 1977 a 1983, havendo renunciado ao mandato em 31 de maio de 1982 para concorrer a uma cadeira de deputado estadual na Assembléia Legislativa da Paraíba. O seu mandato foi concluído pelo vice-prefeito, Antonio do Amaral (31/05/1982/1983). A seguir foi eleito Zenóbio Toscano de Oliveira que exerceu o mandato de 1983 a 1989; novamente Antônio Roberto de Sousa Paulino, de 1989 a 1992; Jáder Soares Pimentel, de 1993 a 1997; Maria Hailéa Araújo Toscano, de 1997 a 2000, havendo sido reeleita para novo mandato de 2000 a 2004 e Maria de Fátima de Aquino Paulino, de 2005 a 2008.

DESTAQUES POLÍTICOS (1918-2007)

Eleito deputado estadual, Manuel Lordão assumiu a Assembléia Legislativa da Paraíba, de 1918 até 1922. Em 15 de agosto de 1926, Lordão foi assassinado a tiros e em sua homenagem se deu o seu nome à rua que liga o Teatro Geraldo Alverga Cabral ao Riacho do Cachorro. Até hoje, essa artéria é conhecida como “Boi Choco” porque próximo à estação ferroviária moravam franceses que falando na sua língua pátria, diziam dos pássaros canoros que ali surgiam frequentemente, a expressão “bois d’oiseau”, ao que pessoas do povo interpretavam como “boi choco”.

De 1924 a 1930, Antônio Galdino Guedes ocupou uma cadeira na Assembléia Legislativa da Paraíba, na qualidade de deputado estadual, chegando a ocupar a presidência desse poder legislativo. Em 29 de julho de 1940, quando desempenhava a função de Secretário de Estado do Interior, foi nomeado por Getúlio Vargas para assumir o cargo de Interventor Federal da Paraíba, pelo curto período de 29 de julho a 16 de agosto daquele mesmo ano em substituição a Argemiro de Figueiredo, até a posse de Rui Carneiro, novo Interventor paraibano (LEAL; 1989, pp253-254)..

Outros homens públicos guarabirenses evoluíram na política estadual como Osmar de Araújo Aquino, Dep. Estadual e Dep. Federal; Sílvio Pélico Porto (filho natural de Cruz do Espírito Santo), Dep. Estadual e Secretário de Interior e Justiça do Estado; Jáder Soares Pimentel, Dep. Estadual e Presidente do IPEP – Instituto de Previdência do Estado da Paraíba; Gustavo Amorim da Costa, Dep. Estadual, foi diplomado, porém faleceu dias depois pelo que foi substituído pelo suplente Frei Marcelino Cantalice; Ronaldo Cunha Lima, Dep. Estadual, Dep. Federal, Governador e Senador; Antônio Roberto de Sousa Paulino, Dep. Estadual, Dep. Federal, Secretário de Estado de Articulação Política, Vice-Governador e Governador da Paraíba; Zenóbio Toscano de Oliveira, Dep. Estadual e Secretário de Estado da Infra-Estrutura e Roberto Raniery de Aquino Paulino, Dep. Estadual.

REPRESENTAÇÃO POLÍTICA ATUAL

O Poder Executivo municipal é formado por Maria de Fátima de Aquino Paulino e José Agostinho Sousa de Almeida (Josa da Padaria), prefeita e vice-prefeito, respectivamente, ambos do PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro.

Com o resultado eleitoral de 2004, a Câmara Municipal presidida pela segunda vez consecutiva pelo Vereador José Antonio de Lima, passou a ter dez vereadores distribuídos pelos PV – Partido Verde (01), PDSDB – Partido da Social Democracia Brasileira (01), PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro (04), PP – Partido Progressista (01), PTB – Partido Trabalhista Brasileiro (01), PFL – Partido da Frente Liberal (01) e PHS – Partido Humanista da Solidariedade (01). Com a nova realidade política atual, essa casa legislativa perdeu as siglas PFL (atual DEM – Democratas), PP (atual PRB – Partido Republicano Brasileiro) e PSDB (esse perdeu o único vereador que tinha, estando o mesmo sem partido até hoje).
No Estado, Guarabira se faz representar na Assembléia Legislativa pelos Deputados Estaduais Roberto Raniery de Aquino Paulino (PMDB) e Zenóbio Toscano de Oliveira (PSDB). Também tem representação garantida no Senado da República através de João Rafael de Aguiar, como 2º Suplente de Senador, pelo Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB.

BANDEIRA, BRASÃO E HINO

Em 26 de novembro de 1976, segunda gestão de João Pimentel Filho (1973-77), através da Lei 57/76, o município foi contemplado com a criação do Brasão de Armas (formado por um escudo vermelho, seis costas de prata, sendo três em cada flanco, mantel negro carregado com um facho aceso, encimado por uma estrela de seis raios nimbada de seis resplendores, todos em cor prata), a Bandeira, o Estandarte e os Selos do município. A insígnia é constituída de uma coroa mural de quatro torres, de cor prata, representando a cidade sede do município, sobre o lema latino “Lúmine gratiae tue” ou, “Luz da tua graça”, com letras prateadas sobre um listel avermelhado.

No escudo, as costas de prata sobre o campo vermelho, atributos heráldicos da família Costa, se referem a José Gonçalves da Costa Beiriz, da cidade; o facho é uma referência à sublevação diante da reação de 1822, quando municípios paraibanos se levantaram contra o juramento da Constituição Portuguesa feito por D. João VI; as cores do escudo homenageiam os matizes da Bandeira da Paraíba e, finalmente, a estrela nimbada retrata a devoção do povo guarabirense à Virgem da Luz, nossa padroeira, que através da luz de sua graça, permitiu a cidade, um caminhar melhor em busca da prosperidade. O hino teve Genival Macedo como responsável pela letra e música, tendo sido elaborado para homenagear a terra pelo seu primeiro centenário, enquanto fala do amor de todos os que sob o seu amparo estão vivendo. É muito singelo, porém de beleza destacável, falando destacadamente do amor do povo pela sua terra natal e da fé de prosperidade que nela deposita.

HINO DO 1º CENTENÁRIO DE GUARABIRA

Letra e Música de Genival Macedo
Teu povo é forte!
Tua História foi escrita
Com bravura!
Oh, Guarabira!
Centenária e berço de cultura!
Vamos saudar
Os teus filhos
Que te amam com fervor!
Oh, Guarabira!
Centenária de campos verdejantes!
Os que pisam o teu solo
De ti se fizeram sempre amantes.
O teu passado
Foi marcante,
Teu presente é de trabalho!
De progresso, é majestoso;
Oh, Guarabira!
Segue em frente
Desbravando o teu caminho!
E o teu povo,
Esse povo que a História honrará,
Se algum dia for chamado,
Seu sangue de heróis derramará!

HINO OFICIAL

Teu povo é forte!
Tua História foi escrita
Com Bravura
Oh, Guarabira!
Centenário e berço de cultura!
Vamos saudar
Os teus filhos
Que te amam com fervor!
Oh, Guarabira!
Centenário de campos verdejantes!
Os que pisam o teu solo
De ti se fizeram sempre amantes.
O teu passado
Foi Marcante,
Teu presente é de trabalho!
De progresso, é majestoso;
Oh, Guarabira!
Segue em frente
Desbravando o teu caminho!
E o teu povo,
Esse povo que a História honrará,
Se algum dia for chamado,
Seu sangue de heróis derramará!
Letra e Música: Genival Macedo

DISTRITO DE PAZ E COMARCA

Quando da criação da Vila Real de Brejo de Areia através de Alvará Régio em 18 de maio de 1815, desvinculando-a da Vila Real do Monte Mor da Preguiça, atual Mamanguape, instalada em 30 de agosto de 1818, o povoado de Guarabira lhe foi anexado, além de outros vizinhos como Alagoa Grande, Bananeiras e Pilões. Doze anos depois (1827), juntamente com Bananeiras, Guarabira passou a integrar a Vila de São Miguel da Baia da Traição. No governo de André de Albuquerque Maranhão, em 29 de novembro de 1832, foi criado o Distrito de Paz de Guarabira e um ano depois, juntamente com Bananeiras se desvinculou de Vila de São Miguel da Baia da Traição e voltou a compor a Vila Real do Brejo de Areia, até 27 de abril de 1837 quando o presidente Bazílio Quaresma Torreão, através do Decreto nº 17 deu-lhe a condição de Vila, com o nome de Independência, emancipando-a de Bananeiras, definitivamente. Em 1854, o presidente Francisco Xavier Paes Barreto, transformou-o de distrito em Comarca de Vila Independência. Entretanto, a 9 de abril de 1857, foi apresentada ao Ministro do Interior uma exposição de motivos feita pelo presidente Antônio da Costa Pinto Silva, mencionando dificuldades vividas pela Justiça da Província com a criação dessa Comarca: “Em Catolé não se sabe o que é justiça; a de Independência tem adquirido, quanto à parte civil, a celebridade que V. Excia. não ignora”.

No governo do presidente Francisco de Araújo Lima, a Lei nº 106, de 11 de dezembro de 1863, criou a Comarca de Mamanguape na Província, constituída dos Termos de Mamanguape e Independência. Em 5 de abril de 1870, pela Lei nº 362, o presidente Venâncio José de Oliveira Lisboa, criou a Comarca de Independência, que nessa condição permaneceu até 1871, quando sob a presidência de Frederico de Almeida e Albuquerque, através da Lei nº 446 foi suprimida, voltando a fazer parte de Bananeiras. Em 1887, Vila Independência foi elevada à categoria de cidade e de Comarca, sendo essa condição respeitada na República pelas Leis nº 8 (15/12/1892) e nº 256 (18/9/1906).

O Fórum Municipal, em tempos mais remotos perambulou por várias ruas da cidade, até porque a Justiça não tinha ainda autonomia financeira para dar aos seus serventuários uma melhor condição de trabalho. Daí, esteve em determinado momento no prédio da atual Biblioteca Pública, à Praça Nossa Senhora da Luz, em outro instante foi transferido para o prédio onde atualmente está o Colégio Santo Antonio, à Rua Antonio da Cunha Uchôa. Futuramente, foi construído um prédio que se prestaria a abrigar o Fórum, bem como, a COTEGUARA – Companhia Telefônica de Guarabira, à Rua Sólon de Lucena. Com o passar dos anos, os administradores municipais deram à companhia telefônica, novas instalações, permitindo espaço único à Justiça.

Atualmente o edifício do Fórum Dr. Augusto de Almeida constitui uma das belíssimas construções modernas na cidade de Guarabira, proporcionando também conforto a todos os que necessitam dos serviços ali oferecidos à população. Depois de reforma geral de antiga casa residencial de senhor de engenho à Praça Nossa Senhora da Luz, a Promotoria Pública atende à população em sede própria e onde também funciona uma Escola Superior do Ministério Público. A Junta de Conciliação, presta atendimento ao público em prédio que lhe foi doado pela prefeitura municipal, à Rua Osório de Aquino, antiga Rua da Baixinha, no centro da cidade, depois de reformas feitas para melhor acomodação dos seus servidores.

MODERNIZAÇÃO DA IGREJA DE NOSSA SENHORA DA LUZ

A Igreja matriz de Nossa Senhora da Luz, promovida a essa condição pela Lei Provincial nº 17, de 27 de abril de 1837, quando o povoado foi transformado em Vila Independência, passou por diversas remodelações desde o momento em que era capela até se transformar em igreja matriz da Virgem da Luz, graças às doações em gado, dinheiro e outros, vindas de governantes e pessoas do povo. Uma outra modalidade muito utilizada para angariar valores, eram as comissões formadas por senhoras e senhoritas da sociedade local, pertencentes geralmente e em sua grande maioria à classe média. Visitavam em dias previamente marcados o comércio local e também percorriam fazendas e engenhos para conseguir doações a serem investidas nas obras de modernização do templo católico.

Entre o final de janeiro e 2 de fevereiro, dia de Nossa Senhora da Luz, a cidade se preparava para a festa da padroeira que se iniciou em 1901, conforme Cleodon Coelho na sua obra “Guarabira Através dos Tempos”. No interior do pavilhão, inicialmente armado à frente da igreja matriz, se apresentavam cantores e orquestras importantes do estado e de outros rincões nordestinos, abrilhantando as nove noites festivas enquanto nas suas proximidades funcionavam os parques de diversões que acolhiam as crianças guarabirenses. O dinheiro arrecadado nos leilões, vendas de ingressos individuais, mesas e bebidas no pavilhão, era entregue depois da última noite de festa ao pároco do município para que dele fizesse o uso que lhe conviesse.

As reformas na igreja começaram em 1906, com o padre Francisco Sampaio e novamente em 1911 pelo Padre Inácio de Almeida. Nesses dois períodos foram construídos alguns altares e remodelados outros. Em 1931, o Cônego Emiliano de Cristo, fez outras modificações, dando nova fachada e torre em que instalou um relógio adquirido por compra, tendo contado nessa oportunidade com importantíssima ajuda dos prefeitos Ferreira de Melo, Sabiniano Maia e Sebastião Duarte, nos momentos em que estiveram à frente da gestão administrativa do nosso município. Na década de 1980, a igreja matriz foi reformada novamente quando foram retirados alguns altares dos corredores laterais internos e se fez a modificação de outros. O antigo altar principal onde era exposto o Santíssimo foi totalmente demolido e erigido um outro em seu lugar. Substituiu-se o forro de madeira do teto, onde se via uma tela que retratava a Virgem da Luz, pintada pelo artista plástico guarabirense Antônio Sobreira e se extinguiu a mesa onde se ajoelhavam os fiéis para receberem a Comunhão. Houve contestação de populares e políticos, causando reação do clero que não se sentiu bem em ser criticado.

Por muitos anos, os nossos católicos ansiavam por ver a igreja promovida à condição de Catedral. O pároco Geraldo da Silva Pinto iniciou uma série de transformações no prédio onde residia, atrás da igreja matriz, na Praça monsenhor Walfredo Leal, preparando-o para acolher um futuro bispo. Em 11 de outubro de 1980, foi criada em Roma pelo Papa João Paulo II, através da Bula “Cum Exoptaret” e devidamente instalada em 27 de dezembro de 1981, a Diocese de Guarabira. Foi nomeado primeiro bispo, Dom Marcelo Pinto Carvalheira, empossado por Dom Hélder Câmara, da diocese de Olinda e pelo Arcebispo paraibano Dom José Maria Pires. À solenidade compareceram 14 Bispos, 35 Sacerdotes, autoridades diversas e cerca de 20.000 pessoas. Em 13 de janeiro 1996, Dom Marcelo foi nomeado Arcebispo da Paraíba, substituindo Dom José Maria Pires, tendo a responsabilidade da nossa Diocese ficado a cargo do Monsenhor José Nicodemos Rodrigues de Sousa, na qualidade de Administrador Diocesano. Em 4 de fevereiro de 1998, era nomeado Dom Antonio Muniz Fernandes, até então Superior Provincial dos Carmelitas de Recife, para substituir Dom Marcelo Carvalheira, tendo sido empossado na nossa Diocese em 7 de junho de 1998..

Em 1995, outro passo importante foi dado pela igreja católica, quando monsenhor José Nicodemos criou ao lado do antigo Colégio Nossa Senhora da Luz (atual Centro Educacional Nossa Senhora da Luz), administrado pelas Irmãs dos Pobres de Santa Catarina de Sena, conforme vontade do cônego Emiliano de Cristo, o Seminário São José, onde estudantes de toda a região se iniciam nos estudos que lhes permitirão chegar ao diaconato e sacerdócio. Os evangélicos começam a surgir em Guarabira por volta de 1937 quando foi construída a Igreja Congregacional e em 15 de fevereiro de 1948, a Igreja Evangélica Assembléia de Deus que continuam até hoje prestando importante serviço religioso aos que não quiseram continuar caminhando com os católicos.

DESENVOLVIMENTO URBANO

A Agência Postal chegou à Vila Independência em 1838, facilitando as comunicações entre os que aqui estavam e parentes e amigos que residiam em outras plagas do país. O serviço deixava muito a desejar, devido à falta de transportes mais rápidos. Por volta de 1918, é que se instalou o telégrafo, dando-se a implantação do serviço de telegramas transmitidos através do código Morse. Em 4 de junho de 1884, a cidade era sacudida por enorme entusiasmo popular, diante da inauguração da Estação Ferroviária Conde D’Eu que recebeu na sua plataforma a máquina “Maroca” com vagões de passageiros repletos de autoridades civis e militares lideradas, pelo próprio presidente da Província, José Aires do Nascimento. O trem da The Conde D’Eu Railway Company, aqui chegou graças aos esforços do ministro do Império, Diogo Velho, e do deputado Anísio Salatiel. Com a República, aquela companhia foi substituída pela Great Western Railway (Estrada de Ferro Great Western), apoiada também por capitais ingleses.

A partir de 1964, os governos ditatoriais mostraram total desinteresse pelo sistema ferroviário de transportes, pelo que se deu a sua privatização e transformação em RFFSA – Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima. Entre 1980-90, aconteceu a sua desativação completa, restando como marcos de uma época de progresso ferroviário, paredes de velhas estações e escombros de outras, na zona rural de Cachoeira dos Guedes e Itamatay, trilhos, pontes, dormentes e alguns postes de ferro.

O centro da cidade, onde atualmente está o calçadão da Avenida Dom Pedro II, até 1905, era ocupado por uma lagoa de águas contaminadas por dejetos de porcos que ali se banhavam freqüentemente e por lixo atirado pelas meretrizes que moravam às suas margens, em casebres de palha. Enquanto isso dificultava o acesso de pessoas vindas de outras regiões para solução de seus problemas. Havia ainda ameaça de doenças como a maleita.

Daí, na gestão do Cel. Manoel Simões (1905/1909), iniciou-se o trabalho de aterramento do local, continuado na gestão do Prefeito Luiz Galdino Sales (1909/1912), quando conseguiu um aumento de 10:000$000 (dez mil réis) no orçamento municipal para esse fim. Construiu numa das suas margens, um aterro que facilitava o acesso de pessoas vindas de Pilõezinhos, Pirpirituba, Cuitegí e outros lugares. Na administração do Cel. José Álvares Trigueiro (1915/1918), através dos Presidentes Sólon de Lucena e Camilo de Holanda, foram conseguidas ajudas significativas para continuidade desse trabalho, utilizando-se material de extensa barreira existente nas suas imediações. Depois das escavações nasceu a Rua da Barreira que mais tarde seria batizada definitivamente como Quintino Bocaiúva.

O aterramento dessa lagoa permitiu que para ali se transferissem estabelecimentos comerciais e casas residenciais e, futuramente, seriam edificados um cata-vento para abastecimento do mercado público, nas imediações da atual praça de táxi 01 e um posto de combustíveis, do senhor Neco Ataíde, nas proximidades da esquina da Rua Presidente Getúlio Vargas. Além dessas construções em pleno centro da Avenida Dom Pedro II, o senhor Batista da Costa instalou uma indústria de sabão em pedra, próxima à atual agência do Banco do Nordeste. Na década de 1950, essas construções passaram a ser removidas pelo poder público municipal, para permitir o crescimento e desenvolvimento da nossa urbe.

Com a ocupação do centro da cidade, por pessoas mais afortunadas, novas ruas foram sendo abertas na periferia, onde passaram a residir os mais humildes, em pequenas casas de palha, taipa e piso de barro. Essas artérias tinham nomes interessantes como Mosquito, Tambor, Juá, Riacho do Cachorro, Mangueira, Lenço, Manteiga, Estação, Rodagem, Barreira, Rio, Macaíba, Beco de Candeia, Barra, Chamego, Baixinha, Lagoa, Sol, Estrela, Furna da Onça, Metade, Jaqueira etc. Geralmente tinham formatos sinuosos porque acompanhavam o traçado dos caminhos e estradas ou o percurso do próprio rio Guarabira (São Manoel, Cordeiro, parte da Rua Prefeito Manuel Lordão, Juá e Joca Carteiro).

Ruas muito antigas como José Bonifácio (Juá), Getúlio Vargas, Joca Carteiro, São Manoel, Hermenegildo de Almeida (bairro São José), José Américo de Almeida (bairro do Nordeste) e parte da Prefeito Manuel Lordão, conservam ainda as suas sinuosidades. Ampliou-se o seu espaço habitacional para abrigar os Coronéis (de patentes), fazendeiros e donos de engenhos vindos da zona rural, uma vez que conquistaram uma forma de fugir da rotina campesina e a possibilidade de residir melhor em amplos casarões em torno da Igreja Matriz, alguns deles com sobrados, sótãos e porões. Em outras ruas mais próximas, surgiram armazéns com sobrados que tinham a dupla missão de moradia e estabelecimento comercial, facilitando a vida dos seus proprietários. Começa a se dar na Vila o delineamento do espaço da burguesia rural e comercial.

Conforme Cleodon Coelho (1955; p.X), um desses sobrados era “pertencente ao comerciante João Rodolfo, cuja frente de artísticos azulejos vindos de Portugal mostrava ao povo em tons vivos a grandeza econômica de uma época fugidia”. E, pela sua imponência provocava estupefação na matutada que, contemplando o seu fulgor, conhecia-o como “uma casa de vidro”. Posteriormente, como outros sobrados, seria demolido para dar espaço ao moderno. Em 1953, o governador paraibano José Américo de Almeida, irmão do nosso amigo e residente Augusto de Almeida que aqui se fizera farmacêutico e político, assinou contrato para a construção da barragem de Tauá, em Cuitegí, apesar de muitas vozes políticas terem opinado pela sua construção em Pilõezinhos. Assim, nasceu o abastecimento d’água de Guarabira, extinguindo a profissão de botadores d’água até então existentes na cidade, transportando em lombos de burros o precioso líquido vindo preferencialmente dos mananciais da região das Lages e do Tapado.

Passeando atualmente por ruas da nossa cidade, ainda encontramos casarões, prédios e sobrados, vestígios de épocas remotas, que resistiram ao tempo e à vontade demolidora do homem na sua eterna sede de modernização. Desse período falam bem a Praça Nossa Senhora da Luz, a antiga Rua da Barra (atual Presidente Getúlio Vargas), a Praça João Pessoa, a Rua Prefeito Manuel Lordão (Boi Choco), a antiga Rua do Sol (atual Dr. Sales), o calçadão (proximidades do Edifício Beleza), a Praça Antônio Guedes, a Rua Epitácio Pessoa e a Praça da Bandeira (atual Praça da Juventude).

A partir de 1983, a Dom Pedro II passou por novas transformações, havendo recebido um calçadão, cujas ruas laterais foram totalmente asfaltadas em toda a sua extensão. Esse benefício alcançou também, as ruas Dr. Sales, Osório de Aquino, Epitácio Pessoa, São Manoel, Costa Beiriz, Dez. Pedro Bandeira, parte da Rua 15 de novembro (até a agência do Banco do Brasil), Cônego João Gomes Maranhão, Presidente Getúlio Vargas e Deputado Osmar de Aquino; avenidas Padre Inácio de Almeida e Rui Barbosa; praças Ferreira de Melo, João Pessoa e Antonio Guedes, grande parte do bairro do Cordeiro e José Américo de Almeida, no bairro do Nordeste, até a rodovia Guarabira/Araçagí. Em 1916, o Cel. Antônio (Tota) Florentino da Costa Miranda, vindo do município de Caiçara, aqui se estabeleceu na rua do Juá, negociando com algodão em rama, beneficiado por suas máquinas descaroçadoras. O local era propício a essa atividade uma vez que os seus prédios, no início da rua, logo após a cadeia pública, estavam às margens da então rodovia que ligava Guarabira a Belém e estado do Rio Grande do Norte. Depois de celebrar convênio com a Prefeitura Municipal, através do Prefeito José Álvares Trigueiro, por meio da sua Empresa de Luz Elétrica, produzida a motor, eletrificou algumas ruas centrais de Guarabira.

Entre 1983/1989, gestão do Prefeito Zenóbio Toscano de Oliveira, deu-se início a transformações radicais na Praça da Bandeira, onde funcionava o baixo meretrício sob o nome de Estrela. As muitas “pensões” que ali funcionavam, foram aos poucos sendo demolidas pela administração municipal. No final dessa gestão já não existiam prostíbulos e, futuramente, na gestão da Prefeita Maria Hailéa (Léa) Araújo Toscano (1997/2000), sua esposa, foi edificada a moderna Praça da Juventude, além da Praça do Encontro, no bairro do Nordeste, sobre antigo açude e lixão ali existente, até então. Na administração municipal do Prefeito Jáder Soares Pimentel (1993/1997), deu-se a construção do CAIC, moderno prédio para a educação, no bairro do Nordeste.

Na Segunda gestão da Prefeita Léa Toscano (2000/2004), foi edificada a Praça do Novo Milênio, no bairro Novo, até as imediações do Víctor’s Center Hotel, onde na passagem do século, a GUARAVES comemorou inaugurando um belíssimo Monumento. Ainda nessa gestão, a Prefeita construiu o Canal do Juá, canalizando o riacho que causava transtornos aos moradores daquela área quando dos momentos chuvosos e o ladeou com uma nova via de acesso ligando aquele bairro ao do Nordeste.

EDUCAÇÃO E CULTURA

Em 1932, foi construída uma praça defronte da Agência dos Correios e Telégrafos, centro da cidade, onde foi erigido um coreto que recebia nos dias de festas e domingos, bandinhas que tocavam as retretas, animando o povo e os namorados. As festas de final de ano, após as missas celebradas na Igreja matriz, eram comemoradas pelo povo da cidade e zona rural, nessa mesma localidade. Atualmente é denominada Praça João Pessoa, totalmente reformada para receber o público em geral, principalmente a juventude que ali encontra demonstrações culturais e folclóricas promovidas pela atual administração municipal. Em 1933 chegou a Guarabira para dirigir o Grupo Escolar Anthenor Navarro, à Rua Prefeito Manuel Lordão, o professor José Soares de Carvalho, pai da senhora Alda Pimentel, esposa do médico e ex-prefeito de Guarabira Dr. João Soares Pimentel Filho, a quem coube a responsabilidade de realizar a sua inauguração festiva.

Em 11 de abril de 1940, o Prefeito Sabiniano Maia criou a primeira Biblioteca Pública Municipal, instalada em 6 de junho daquele mesmo ano. Em 6 de julho de 1948, atendendo a propositura do Vereador Manuel de Freitas, sancionou a Lei nº 08, dando à Biblioteca o nome de José Rodrigues de Carvalho. Depois de muitas reformas sofridas por outros administradores, essa Biblioteca continua servindo ao município, tendo se conservado o nome inicial.

COLÉGIO NOSSA SENHORA DA LUZ. Monsenhor Emiliano de Cristo, juntando-se à Arquidiocese da Paraíba, comprou um antigo prédio e terreno na atual Rua Dr. Sales, antiga Rua do Sol, onde deu início à construção de um educandário que se prestaria a educar a criançada da nossa cidade. Para dirigi-lo, entregou-o às Irmãs dos Pobres de Santa Catarina de Sena. Em 1935, aqui se fizeram presentes a Madre Ester Veritá e a Irmã Petri, para inspecionarem as instalações construídas pelo pároco guarabirense e instalarem definitivamente o colégio que passou a funcionar em 27 de fevereiro de 1937, com o Curso Comercial, até 1º de julho daquele mesmo ano, quando foi criada a Escola Primária Santa Catarina de Sena.
Em fevereiro de 1938, o pároco e a direção daquela unidade escolar, substituíram o Curso Comercial pelo Curso Normal, em atenção aos fortes apelos por parte da grande maioria da população.

Ao Monsenhor Emiliano se juntaram o monsenhor Odilon Coutinho e o prefeito Sabiniano Maia, influenciando o então governador da Paraíba Argemiro de Figueiredo, que através do Decreto Estadual nº 1.413, de 29 de maio de 1939, autorizou definitivamente o funcionamento da Escola Normal Nossa Senhora da Luz. Em 27 de novembro de 1941, a primeira turma concluía os estudos, no prédio construído e concluído por Sabiniano Maia (1939/1940). O Curso infantil passou a ser efetivado a partir de 1º de abril de 1951.  Futuramente, o educandário encerraria as suas atividades, tendo as freiras se retirado para outros estados e, as instalações que estavam sob a responsabilidade da Diocese de Guarabira, foram vendidas a particulares que deram continuidade ao ensino. Atualmente recebe a denominação de Centro Educacional Nossa Senhora da Luz.

COLÉGIO SANTO ANTONIO. Em 1951, a comunidade guarabirense também se interessou pela idéia de criação de um Colégio Comercial que instruísse estudantes de ambos os sexos, bem como, às empresas aqui estabelecidas, oferecendo-lhes mão-de-obra melhor qualificada. Daí, a Portaria 184/51 deu à cidade o direito de implantar o Curso Comercial, em caráter provisório, até que a documentação fosse devidamente apreciada pelo Inspetor de Ensino Comercial, Dr. Lafaiette Belfort Garcia.

Em 25 de fevereiro de 1953, foi anunciado o primeiro Exame de Admissão ao Curso Básico, nos termos dos Artigos 20, 21 e 22, do Decreto nº 6.141, de 28/12/1943, tendo se candidatado 66 pessoas para preenchimento das vagas existentes. Em 20 de março desse mesmo ano, o dr. Lafaiette Belfort, Inspetor de Ensino a quem coube apreciar a documentação, ofereceu parecer favorável à criação da Escola Comercial em Guarabira. Daí, foi criado o Regimento Interno que disciplinaria as atividades burocráticas e administrativas do educandário e, mais tarde, em reunião solene, escolheu-se por aclamação o nome do monsenhor Emiliano de Cristo para ser o seu primeiro diretor.

Para o seu funcionamento, não havendo prédio próprio, foram utilizadas salas do Grupo Antenor Navarro, à Rua Prefeito Manuel Lordão. Viveu momentos de dificuldades, porém, geralmente sanadas pelo poder público na pessoa do prefeito Augusto de Almeida e pelo Secretário de Estado da Educação da Paraíba de então, dr. Ivan Bichara Sobreira. Por vezes, os professores não recebiam seus salários, devido à inadimplência existente. Mas, todos continuavam dando suas aulas, com verdadeiro amor à causa do ensino.
Tempos depois, o curso Básico era insuficiente para continuar educando a juventude guarabirense, surgindo então o segundo grau, graças à Lei nº 64/75 e, pela Resolução nº 333/82, do Conselho Estadual de Educação, foi-lhe dado também, o devido reconhecimento.

Durante sua existência esse educandário foi conhecido como Colégio Comercial, Escola Técnica de Comércio Santo Antônio, Colégio Comercial Santo Antônio e Colégio Santo Antônio, sempre voltado para oferecer um ensino de qualidade e capaz de preparar a juventude para o trabalho nas mais diversas atividades empresariais da região e de Guarabira.

GINÁSIO E COLÉGIO ESTADUAL DE GUARABIRA. Em 1962, no governo Pedro Moreno Gondim, o deputado estadual Sílvio Pélico Porto, que tinha domicílio eleitoral nesta cidade, influenciado pelo professor Edgardo Júlio Pereira da Silva, conquistou a criação do nosso Ginásio Estadual, iniciando-se o ano letivo série a série, pelo 1º ano, funcionando inicialmente em sala de aula do Colégio Comercial Santo Antonio e no turno vespertino, na Rua Antonio da Cunha Uchôa. Em 1966, deu-se a colação de grau da primeira turma desse Ginásio Estadual. No ano seguinte, 1967, os concluintes da primeira turma do Ginásio passaram a freqüentar o 1º ano Científico, já em prédio próprio, no Bairro Novo, onde atualmente funciona a Escola Estadual do Ensino Fundamental “Professor Antônio Benvindo”, funcionando nos três turnos. Esse prédio veio a ruir tempos depois. Alunos, professores e corpo administrativo foram deslocados para outros educandários da cidade, para que não fossem interrompidas as atividades letivas. Alguns anos depois, foi inaugurado o novo prédio do Colégio Estadual Professor José Soares de Carvalho, nas proximidades do Terminal Rodoviário Antonio Gentil de Amorim, entre os bairros, Bela Vista e Primavera.

FAFIG E UEPB. Em 8 de junho de 1967, na gestão do prefeito Pimentel Filho, nasceu a Lei Municipal nº 132, publicada no Diário Oficial do Estado em 09/09/67, criando a FAFIG – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Guarabira, muito embora, até o final da sua gestão, não haja funcionado, apesar de ter sido exposta uma placa em estilo out door, no casarão onde seria edificada a sua sede e onde atualmente se encontra a Câmara Municipal.

Em 20 de outubro de 1969, o prefeito Gustavo Amorim da Costa, criou a Fundação Educacional de Guarabira, a quem cabia exercer a administração da Faculdade que teve como seu primeiro diretor, padre José Paulino, irmão de Maria Paulino, esposa do prefeito municipal. Em 24 daquele mesmo mês, foram elaborados os Estatutos da Fundação e publicados no Diário Oficial do Estado e registrados no Cartório do 2º Ofício de Títulos de Documentos da Comarca de Guarabira.

Em 20/01/70, o Conselho Estadual de Educação da Paraíba, através da Resolução nº 02/70, autorizou o funcionamento da nossa Faculdade e o padre José Paulino, conseguiu fazer com que se realizasse no primeiro semestre daquele ano, o concurso vestibular. Os alunos aprovados entravam no Ciclo Básico, composto de 06 disciplinas e após a sua conclusão, ingressavam no Ciclo Profissional, composto de 12 disciplinas.

Não havendo espaço físico para acomodar os estudantes aprovados, o corpo docente e parte administrativa da Faculdade, o padre Paulino, juntamente com Gustavo Amorim, buscou no Colégio Nossa Senhora da Luz, através da igreja católica, a alternativa capaz de solucionar o problema, com funcionamento noturno.
Pelo Decreto Federal nº 63.509, de 15 de abril de 1971, publicado no Diário Oficial da União de 16 de abril daquele mesmo ano, a Faculdade começou as suas atividades acadêmicas, apesar de já se achar funcionando conforme autorização do Conselho Estadual de Educação, através da Resolução nº 02/70.
Na gestão do prefeito Roberto Paulino (1977/1983), deu-se início e conclusão à construção do prédio da Faculdade, com recursos próprios da edilidade, no bairro de Areia Branca, km 1 da Rodovia PB 075. Em 1982, deu-se a sua transferência definitiva do Colégio Nossa Senhora da Luz, onde funcionara até aquele momento.

No governo de Tarcísio de Miranda Burity (1986/1990), o deputado estadual Roberto Paulino, deu origem ao Projeto de Lei nº 81/87, de 23 de setembro, tratando da estadualização da nossa Faculdade. Aprovado pela Comissão de Justiça da Assembléia Legislativa do Estado, em 22 de outubro, foi sancionado pelo Governador, em 26 de novembro daquele mesmo ano, (data da emancipação política de Guarabira), transformando-se na Lei Estadual 4.977/87. Nesse momento histórico, assumiu-se definitivamente como Universidade Estadual, Campus III. Atualmente, essa Universidade oferece os Cursos de História, Geografia, Letras e Direito, além de Especialização nessas áreas.

A história educacional de Guarabira foi muito feliz uma vez que ao longo do tempo, de acordo com a necessidade do município, surgiram educandários estaduais como o Antenor Navarro (o mais antigo da cidade), Prof. Antonio Benvindo, John Kennedy, Vereador João Francelino, Dez. Pedro Bandeira, Prof. Edgardo Júlio, Pref. Gustavo Amorim e Monsenhor Emiliano de Cristo. Enquanto isso, o ensino privado se estabeleceu também, através do QI (Questão de Inteligência), Chapeuzinho Vermelho, Cecília Meireles, Nossa Senhora de Lourdes, João XXIII, CCAA, Seminário São José, Positivo, Parthenoon (Curso de Enfermagem) e Cursinhos Pré-Vestibulares.

A cultura é influenciada pelo Teatro Geraldo Alverga, Galeria de Artes Antônio Sobreira, Centro de Documentação Cel. João Pimentel e Museu Fernando Cunha Lima, atualmente de Arte Sacra, administrado pela igreja católica. Nesses locais, a literatura de cordel, peças teatrais, cantores, poetas, expositores, músicos e artistas plásticos encontram oportunidade de expressão e renovação dos seus conhecimentos.

FRAGMENTOS HISTÓRICOS

MOVIMENTO DE 1822. Segundo Horácio de Almeida, entre 1817 e 1824, ocorreu na Paraíba uma movimentação contrária à Constituição Portuguesa que havia sido jurada por Dom João VI, sendo proclamada em 17 de abril de 1821, pelo governo da Paraíba. A Paraíba expressou a sua insatisfação através de um partido anticonstitucionalista, criado e liderado por João Alves Sanches, proprietário do engenho Pacatuba e Cel. Matias da Gama Cabral de Vasconcelos. Esse movimento foi derrotado em Itabaiana e, Sanches Massa e Matias da Gama, fugiram para Cuité de Guarabira, atual Cuitegí. Ali, juntaram-se a outros insatisfeitos e rumaram em direção de Alagoa Grande do Paó. Aumentando o número de revoltosos, os carambolas, como eram denominados, marcharam sobre a Vila Real do Brejo de Areia, onde se juntaram ao insurreto Antonio José da Silva, que liderava um grupo naquela Vila. Esse movimento foi derrotado em 28 de fevereiro de 1822, culminando com a prisão de Antonio José, Sanches Massa e Matias da Gama.

QUEBRA-QUILOS (1874) Quando a Coroa portuguesa determinou mudanças no sistema de pesos e medidas, a população paraibana demonstrou certa insatisfação e, em Guarabira, também não foi diferente. Por volta de 1874, pessoas inconformadas com essas modificações invadiram a Câmara e destruíram totalmente os pesos e medidas que ali estavam guardados para serem distribuídos com os feirantes, no momento adequado. Não satisfeitas, atearam fogo aos papéis e documentos dos arquivos do Legislativo e Executivo. Diante disso, o então agente executivo e legislativo guarabirense, Firmino Alves Pequeno, solicitou a interferência policial para coibir os abusos, sendo prontamente atendido pelo tenente Alfredo Ramos Chaves, que assim, conseguiu interromper as arruaças.

Nesse mesmo ano, comerciantes da nossa cidade se mostraram insatisfeitos com o desenvolvimento comercial da própria cidade, uma vez que no povoado de Cuitegi, a cerca de 9 quilômetros de distancia, politicamente pertencente ao nosso município, ocorria semanalmente significativa feira livre, para onde acorriam os prósperos fazendeiros e senhores de engenho daquela região e proximidades, afastando-os da nossa convivência comercial. Cuitegi era povoado geograficamente privilegiado, pelo que se tornou importante ponto de passagem e descanso de tropeiros vindos de Goiana no estado de Pernambuco, com destino à próspera cidade de Mamanguape, no litoral norte paraibano. Daí se desenvolveu no lugarejo um comércio pequeno, mas bem organizado, formado de farmácias, lojas de tecidos, armazéns de estivas, ferragens e compra e venda de algodão em rama, curtume e mercearias.

As autoridades administrativas guarabirenses ouvindo as queixas e insatisfações do comércio local, tentaram sanar as dificuldades e procuraram conversar e convencer os feirantes de Cuitegi a se instalarem também em Guarabira, com o que todos sairiam ganhando. Receosos de não terem aqui o mesmo sucesso que tinham ali, os feirantes recusaram-se a atender o convite e permaneceram trabalhando naquela localidade.

Silenciosos os nossos políticos resolveram agir de outra forma: num certo dia chegaram a Cuitegi, onze soldados e um tenente do exército, que extinguiram a feira e obrigaram os feirantes a seguirem em fila indiana à cidade de Guarabira, conduzindo sobre animais e nos próprios ombros, toda a mercadoria que estavam comercializando naquela localidade. Aqui, foram localizados na rua pública para negociar os seus produtos. Não tiveram do que se arrepender, uma vez que o sucesso alcançado chegou a fazer com que a feira durasse três dias.

ANTONIO SILVINO. Por volta de 1911, o cangaceiro Antônio Silvio, que se escondia numa espécie de caverna nas proximidades da cidade de Gurinhém, esconderijo capaz de deixá-lo “imperceptível aos olhos” do policiamento militar da época, apareceu de repente com o seu bando, em Cachoeira dos Guedes, atual distrito guarabirense. Tendo recebido de pessoas do lugar certa importância em dinheiro, não incomodou as famílias e nem provocou invasões das propriedades rurais.

Na cidade de Guarabira, o cangaceiro além de perambular pelas ruas, dirigiu-se até os Correios e Telégrafos, de onde emitiu telegrama desaforado ao Governador do Estado. A atitude representava um tipo de zombaria diante da impotência das autoridades constituídas do momento, em efetuar a sua prisão.
Em visita realizada ao povoado de Cuitegí, Silvino e seu bando adentraram repentinamente uma mercearia ali existente, na esquina próxima ao atual posto de combustíveis. E se dirigindo às prateleiras por trás do balcão, retirou várias mercadorias que atirou a parcela do povo que se achava nas proximidades, embora receosos de alguma atitude de violência. Ao recolher o dinheiro do apurado da mercearia, separou parte de maior valor e guardou consigo enquanto atirou ao povo o dinheiro miúdo. Essa atitude transmitiu aos incautos a idéia errônea de que o cangaceiro era um bandoleiro que roubava dos ricos para doar aos pobres.

Por volta de 1932, Guarabira, Areia, Alagoa Grande e Bananeiras, até então se sobressaindo melhor do que muitas outras cidades paraibanas, diante da grande seca que assolava o estado e outros do Nordeste, foram invadidos por cerca de quatro mil flagelados sertanejos que buscavam às portas residências e comerciais dessas cidades, doações capazes de minorar-lhes o sofrimento advindo da sede e fome.

GUARABIRA ATUAL

A cidade é dividida em bairros como Rosário, São José, Esplanada, Primavera, Bela Vista, São Manoel, Cordeiro, Santa Terezinha, Novo, Nordeste I e II, Juá, Nações, Areia Branca e Alto da Bela Vista, conhecido também como bairro dos Sem Terra. Compreende ainda, conjuntos habitacionais como Mutirão, Deputado Antonio Mariz, Osmar de Aquino, Assis Chateaubriand, Clóvis Bezerra, Nossa Senhora Aparecida, Frei Damião e o da CEHAP, vizinho ao Clóvis Bezerra. Na zona rural temos os povoados de Pirpirí, Maciel, Contendas, Passagem, Tananduba, Escrivão, Catolé, Carrasco, São José do Miranda, Itamataí, Vila Padre Cícero, Passassunga, Catolé, Encruzilhada, Corujas e Cachoeira dos Guedes, como os mais importantes. Todos são servidos por linhas telefônicas da TELEMAR e postos de correios, escolas públicas municipais, postos de saúde e pequenas praças (em quase todos).

A economia rural é compreendida por fazendas que se dedicam à criação de gado bovino e caprino (corte e leite); quatro engenhos produtores de aguardente de cana: João Abílio (cachaça de cabeça), Santo Antonio, Palmeira e Serra da Jurema (tipos nacional e exportação); cerâmicas industriais principalmente na região de Cachoeira dos Guedes (tijolos, telhas e utensílios artesanais); granjas avícolas; agricultura como cana-de-açúcar, castanha, urucum, caju, batata-doce, macaxeira, laranja, fava, feijão, mandioca, maracujá e milho. Essas atividades campesinas são assistidas não somente pelas agencias do Banco do Brasil e Nordeste, como também pela Cooperativa Agrícola Mista.

As feiras livres no centro comercial da cidade, acontecem às quartas-feiras e sábados, nos dois mercados públicos e se expandem por várias ruas e avenidas mais próximas (Leonel Ferraz, José de Sá e Benevides, José Álvares Trigueiro, Joca Amorim, Napoleão Laureano, José da Cunha Rego, etc.). Nos demais dias da semana se pode comprar de tudo nas proximidades desses mercados e aos domingos, ocorre a feira do Acari, no bairro do Nordeste, nas ruas públicas e no próprio mercado municipal ali existente. Comercialmente, a cidade é a mais importante de toda a região, para ela convergindo diariamente, pessoas dos mais diferentes e longínquos municípios do estado e do Rio Grande do Norte. Os nossos estabelecimentos comerciais e industriais, apoiados financeiramente pelas agências bancárias do Brasil, Nordeste, Caixa Econômica, BRADESCO e Real, se distribuem pela cidade inteira oferecendo à comercialização os mais variados tipos de mercadorias e produtos. E, devido ao grande número de empresas, ruas e avenidas antes inteiramente residenciais, perderam essa característica: 15 de Novembro, Costa Beiriz, Osório de Aquino, Epitácio Pessoa, prefeito Manoel Simões, Amália Coelho, Sabiniano Maia, cônego João Gomes Maranhão, Quintino Bocaiúva, prefeito Manoel Lordão, Floriano Peixoto, partes da Rua Augusto de Almeida, José Álvares Trigueiro e Napoleão Laureano, etc.

Os mais diversos tipos de empresas comerciais prestam serviços aos guarabirenses e a toda a região que diariamente converge para este centro com a finalidade de realizar as suas compras: miudezas, perfumarias, sapatarias, casas especializadas em artigos de couro (sapatos, alpargatas, sandálias, botas, botinas, arreios, bolas, etc.), relojoarias, joalherias, butiques, artesanatos, materiais elétricos, ferragens, ferramentas para todas as profissões, materiais de construção, oficinas mecânicas e funilarias/pinturas, revendedoras de automóveis, postos de combustíveis (gasolina, diesel, álcool e gás), bicicletas, tratores e equipamentos respectivos, seguradoras diversas (automóveis, residências, contra incêndios, roubos, etc.), praças de táxis e moto-táxis, conveniências, motos, farmácias, drogarias, artigos veterinários e rurais, casas de tecidos, sacolões de frutas/verduras e legumes, especializadas em cama, mesa e banho, confecções, mortuárias, sorveterias, bares, padarias, distribuidoras de gás liquefeito, utilidades plásticas, computadores, óticas, lanchonetes, artigos religiosos, mercearias, supermercados, bancas de revistas e jornais, livrarias, papelarias, tipografias, açougues, cabeleireiros, barbeiros, salões de beleza, academias de musculação e estética, armazéns de secos e molhados, compra e venda de produtos rurais (algodão, gengibre, castanha de caju, agave, pimenta do reino, urucum, milho, mel e cera de abelhas italiana, uruçu, etc.), de plantas medicinais, frigoríficos de peixes, aves (galinhas, patos, guinés e avestruzes), bombonières, lanchonetes, restaurantes, eletrodomésticos e móveis, serrarias, madeiras de diversos tipos, distribuidoras de trigo, distribuidoras de bebidas e refrigerantes, casas lotéricas, pneus novos e recauchutados, peças de automóveis, sucatas de automóveis e motos, lavadoras de automóveis e motos.

Informalmente o comércio também é muito desenvolvido compreendendo relógios, brinquedos, Cds e Dvds, rádios, balas e chocolates, picolés e sorvetes, saladas de frutas, etc. Muitos são os pais de família que tiram daí o seu sustento bem como o da própria família. Tentar organizar as ruas da cidade, retirando-os dos locais em que estão trabalhando por muitos anos, é causar um grande problema social. Estão espalhados pela cidade inteira principalmente no próprio calçadão da Pedro II e avenidas que o acompanham, ruas transversais como 15 de Novembro, Pref. João Pimentel Filho, Praças Ferreira de Melo, João Pessoa e Alimentação, Padre Inácio de Almeida e 7 de Setembro, Costa Beiriz, Napoleão Laureano, Augusto de Almeida, José Álvares Trigueiro, José de Sá e Benevides, Joca Amorim, José Epaminondas, etc. Industrialmente produzimos alimentos humanos, rações animais (aves, cães e peixes), sandálias, sapatos, chuteiras, arreios e selas, bolos, calças jeans e sociais, blusões de frio, lençóis, colchas, toalhas, roupões de banho, telhas comuns e de cerâmica, tijolos artesanais e industriais, postes, cobongós, móveis, doces, bebidas alcoólicas, vinagre, placas de automóveis e motos, etc.

O município é sede regional de órgãos públicos importantes como: CAGEPA, SAELPA, SEBRAE, INSS, EMATER, FUSEP, SESC, CIRETRAN, CREC, IBGE, IPEP, UNIMED, IV Batalhão da Polícia Militar, Quartel de Corpo de Bombeiros, Superintendência de Polícia Civil, Junta de Conciliação e Julgamento, Superintendência de Finanças do Estado, Unidade de Medicina Legal, Seccional da OAB, Rotary Club, Lojas Maçônicas Tiradentes, Acácia do Brejo e Ascendino Toscano de Brito. Os serviços de hotelaria são oferecidos ao público pelo Victor’s Center Hotel, GUARATUR Hotel, Hotel Lucena e Hotel Novo Rio, além de outros mais simples e modestos espalhados pela cidade.

Nos campos médico, odontológico, veterinário e laboratorial, a cidade também é muito bem servida através do Pronto Socorro de Fraturas, Casa de Saúde e Maternidade Senhora da Luz, Hospital Regional Antônio Paulino Filho, Clínica Santa Clara e Clínica Materna. O calçadão da Avenida Dom Pedro II, no centro, é considerado uma vitrine em potencial, recebe mensalmente cerca de 200 mil pessoas, sobretudo, por conta do fluxo diário de estudantes vindos de cerca de 40 municípios paraibanos e do Estado do Rio Grande do Norte, em busca do seu aprimoramento cultural.

A Igreja Católica e Prefeitura edificaram o Memorial Frei Damião, na Serra Mata Limpa, próxima à Serra da Jurema, sendo a estátua do frade capuchinho a 2ª maior do Brasil, e pela sua imponência e prestígio do frade que por estas terras perambulou dezenas de anos, atrai muitos romeiros e turistas. Esperam as autoridades religiosas e políticas do município, que esse monumento possa trazer maior desenvolvimento econômico para a cidade de Guarabira, através do turismo religioso. O município é servido por linhas interestaduais e intermunicipais cumpridas por empresas de ônibus que circulam diariamente nas rodovias asfaltadas: São José, Boa Viagem, Viação Itapemirim, Transnorte, Viação Planalto, Viação Nordeste e Paraibano. Ligam-nos a qualquer parte do Nordeste e do país, através dos terminais rodoviários “Antônio Gentil de Amorim”, em homenagem ao diretor presidente da Empresa Expresso Guarabirense e “Gustavo Amorim da Costa”, homenageando o ex-proprietário da Empresa Expresso Paraibano. Essas empresas por longos anos foram o orgulho do município, empregando centenas de pais de famílias como motoristas, cobradores, mecânicos, borracheiros, lavadores, etc., até que não mais puderam continuar a sua tarefa e faliram completamente, para tristeza de tantos que delas tiraram o seu sustento.

Na atual administração da prefeita Fátima Paulino, há um esforço enorme em se resgatar a cultura guarabirense, havendo se iniciado pela reestruturação da Banda de Música Municipal Raimundo Soares, que havia sido completamente extinta em gestões anteriores. Investe a prefeitura o máximo possível na Festa da Luz (de 27 de janeiro a 2 de fevereiro), com apresentação de bandas de renome nacional e internacional no palco Luz; valorização dos cantores do próprio município que se apresentam nos palcos Pilõezinhos e Cuitegi; festas juninas com apresentação e disputa de quadrilhas juninas do estado com finalização na cidade de Campina Grande; concurso se sanfoneiros no mesmo período; revitalização da exposição de animais no evento denominado EXPOGUARA, no Parque de Exposição Augusto de Almeida, próximo ao Cemitério Bom Jesus, às margens da rodovia estadual Guarabira/Pirpirituba.

A imprensa falada se dá através das Rádios Rural (AM), Cultura (AM) Constelação (FM) e Guarabira FM. Também existem as chamadas rádios alternativas que funcionam com caixas de sons na posteação das ruas e avenidas da cidade: Estação Esplanada, cobrindo o bairro Esplanada e Rua Pref. Manuel Lordão; Cidade, com atuação no centro comercial, principalmente; Nordeste Alternativa, operando para grande parte do bairro do Nordeste; Independente, cobrindo o bairro São José; Nação Cordeirense, desenvolvendo atividades nos bairros do Cordeiro, Bela Vista, Primavera e São Manoel e rádio Esperança, com sede no Fórum Municipal, criada pelo juiz de direito Bruno César Azevedo.

10 comentários:

  1. Parabéns ao professor Martinho pelo excelente trabalho de pesquisa. Atentar que o texto precisa de atualização.

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    1. Ok! Apesar da grande quantidade de informações, já existe a necessidade de atualização de algumas informações, sugerimos que procurem acessar o blog do professor Martinho de Guarabira, onde as atualizações já foram publicadas.

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  2. Excelente trabalho. Parabéns! (Claro que como todo trabalho historiográfico, sempre necessita algumas atualizações) Porém excelente trabalho de pesquisa...até Antônio Silvino, rs

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    1. Obrigado pelo seu elogio Antonio Silvino ! Estamos a sua disposição, o seu elogio é a maior fonte de energia para a continuação desse trabalho, divulgue-nos para que mais pessoas possam ter acesso ao nosso trabalho, abraços e boa Pesquisa!

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  3. mt bacana,parabéns,eu nasci aí cresci até aos dezesete anos e nunca esqueço minhaterra querida,ainda tenho parentes aí e sonho ainda ve,los,Deus abençoe guarabira e vcs que fazem esse blog,abraços.

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    1. Obrigado Raminho! Ajude-nos a divulgar o nosso blog e bons estudos!!!

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  4. Gosto, preciso e quero ter uma biografia de Cleodon Coelho, meu tio, irmão de minha mãe, Edeltrudes. Por favor se ouderem me atender usem o endereço "edelviocoelholindoso@gmail.com".Desde jã, agradeço.

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  5. Até hoje nada recebi. Uma palavra de gentileza, talvez pedindo alguma explicação sobre meu pedido. Nada. O Cleodon Coelho escreveu o livro "Guarabira através do tempo". Seu nome completo deve ser Cleodon Ataide Coelho. Continuo interessado por sua história. Não posso entender todo um aparato assim e tão pouco interesse em servir.
    Obrigado e desculpe-me a importunação.

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    1. Boa noite Edélvio! Peço-lhe desculpas por não tê-lo atendido antes, estava esperando uma oportunidade para lhe dar uma resposta positiva, infelizmente não posso lhe dar mais informações tão precisa quanto você precisa, mas tenho uma ótima notícia pra você que pode lhe ajudar, o Professor Martinho Alves é Historiador e foi quem escreveu esse trabalho historiográfico e nos permitiu a publicação, ele com toda certeza poderá lhe dar as respostas que você procura, entrarei em contato com o Professor nos próximos dias e enviarei para o seu email uma linha de contato com o professor, para que você possa encontrar as respostas que procura, um grande abraço e desculpe novamente a nossa falta de contato!

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  6. Parabéns pelo trabalho! Excelente pesquisa. Nasci em Pernambuco, mas tenho uma ligação com a Paraíba, através dos meus antepassados por parte de Bisavô, José Thomas de Aquino e Antonia Francisca de Aquino (Sobrenome de solteira: Souza) viviam na região Barra Vermelha, Cuité e a bela cidade de Guarabira. Um abraço a todos!

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