Após a união das coroas
portuguesa e espanhola e a formação da União Ibérica em 1580, a ideia
por trás do Tratado de Tordesilhas (1494) parecia não fazer mais
sentido. Além disso, o desenvolvimento do bandeirismo e das missões
jesuítas possibilitou o deslocamento de muitos portugueses em direção a
áreas que pertenciam oficialmente aos espanhóis, segundo os limites
estabelecidos desde o final do século XV.
Para tentar redefinir
os limites territoriais de toda a região, os governos ibéricos
celebraram o Tratado de Madri, em 1750. Era evidente que os portugueses
já haviam ocupado e desenvolvido atividades econômicas em várias regiões
de posse dos espanhóis. Desta forma, os diplomatas de Portugal foram
inteligentes ao propor o princípio do Uti Possidetis (direito de posse)
para ser usado na definição da nova limitação geográfica de cada reino
no continente americano. Além disso, alegavam que a usurpação de terras
era algo mútuo, tomando como exemplo as atividades espanholas
desenvolvidas em partes da Ásia (Filipinas, Marianas e Molucas), regiões
que estariam fora dos limites estabelecidos pelo Tratado de
Tordesilhas.
Além do direito de
posse, o Tratado de Madri também usava os acidentes geográficos, como
montanhas e rios, por exemplo, como limites naturais de espaço. O acordo
resultou quase na triplicação das posses de Portugal na América: passou
a controlar oficialmente os atuais Estados de Santa Catarina, Rio
Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, além de grande parte da região
amazônica. Em compensação, teve que ceder aos espanhóis a Colônia do
Sacramento, uma região de colonização originalmente lusitana, porém
grandemente explorada e influenciada pelos espanhóis.O Tratado de Madri foi importante pelo fato de ter praticamente definido o atual contorno geográfico do Brasil.
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