Simon Bolívar |
Revolucionário sul-americano nascido em Caracas, no Vice-Reinado de Nova Granada, posteriormente Venezuela, que dedicou sua vida
à luta contra a presença espanhola na América do Sul. Filho de família
ilustre e abastada, fazendeiros de origem espanhola, tornou-se órfão aos
nove anos e foi entregue a um tio, Carlos Palacios, e aos cuidados
maternais de uma negra, Hipólita, a quem dedicou afeição filial. Foi
educado sob os cuidados de Simón Carreño Rodríguez (1771-1854), pedagogo
revolucionário, que lhe infundiu o amor à liberdade.
Viajou
para a Espanha (1799), para completar seus estudos. Após visitar
México, Havana e Paris, chegou a Madri, onde casou-se (1801) com uma
nobre, Maria Teresa del Toro y Alaysa, que infelizmente morreu em
Caracas, um ano depois. Iniciou (1804) nova viagem pelos Estados Unidos e
Europa e, em Paris, assistiu à coroação de Napoleão I, e aproximou-se
das doutrinas de Rousseau, Montesquieu e Voltaire, e conheceu Alexander
von Humboldt. Ao retornar à Venezuela (1807), já consciente da
inevitável luta pela independência das colônias espanholas, participou
de reuniões secretas em residências de famílias tradicionais que eram
favoráveis a esses movimentos.
Teve participação ativa na formação
da Junta Suprema de Caracas (1810) e foi nomeado coronel de milícias.
Viajou a Londres em missão diplomática, com a finalidade de conseguir
fundos e ajuda para a revolução, mas não teve êxito, porém encontrou e
voltou acompanhado de Francisco Miranda, chefe de uma anterior e
malograda tentativa revolucionária (1806). Após o Congresso Nacional
declarar a independência da Venezuela (1811), Miranda foi nomeado
generalíssimo e ele encarregado da defesa da posição estratégica de
Puerto Cabello. Traido de um oficial, as forças espanholas prenderam
Miranda (1812) e ele refugiou-se em Caracas, onde conseguiu um
salvo-conduto para Curaçao. alguns meses após chegou com outros
companheiros a Cartagena, em Nova Granada, a atual Colômbia, e publicou o
documento conhecido como Manifesto de Cartagena, no qual pregava a
união dos revolucionários, condenava as debilidades do federalismo e
pedia o fim do poder espanhol na Venezuela.
O governo republicano de
Cartagena o encarregou (1813) de comandar uma expedição militar à
Venezuela. Inicialmente vitorioso recebeu o título de Libertador, porém,
alguns meses, setores do clero unidas às classes mais baixas da
população índia e mestiça, derrubaram o governo republicano, obrigando-o
a se refugiar na Jamaica, onde redigiu a Carta de Jamaica, reafirmando
sua confiança na causa da emancipação dos povos americanos.
Tentou uma
aproximação com os ingleses, que não lhe deram ouvidos. Após nova
tentativa que contou com o apoio material do presidente do Haiti,
Alexandre Petion, foi derrotado novamente (1816), refugiando-se agora no
Haiti. Nova campanha libertadora foi iniciada pela região do Orenoco,
desta vez com o apoio dos llaneros, guerrilheiros sob o comando de José
Antonio Páez, e milhares de legionários europeus enviados em seu
auxílio. Reunidos em Angostura (1819), com os deputados das províncias
venezuelanas, expôs seu plano político, depois de converter a cidade em sede do governo e capital provisória da república.
Apresentou um projeto de
constituição onde propunha a criação de um grande estado, mediante a
união da Venezuela, Nova Granada e Quito, o hoje Equador, sob o nome de
Grande Colômbia. Nos três anos seguintes obteve sucessivas vitórias,
atravessou os Andes, conseguiu o triunfo decisivo em Boyacá (1819), e
três dias depois entrou vitorioso em Bogotá. Em dezembro do mesmo ano, o
Congresso de Angostura aprovou a criação da República da Colômbia, da
qual o Libertador foi nomeado presidente. Firmou o armistício de seis
meses (1820), em Santa Ana, com o general espanhol Pablo Morillo. As
hostilidades recomeçaram no ano seguinte, mas os realistas foram
derrotados definitivamente na batalha de Carabobo (1821), o que pôs fim
ao domínio espanhol na Venezuela.
O Congresso promulgou a constituição definitiva da Colômbia e ratificou a presidência do herói.
Em maio do ano seguinte, depois das batalhas de Bomboná e Pichincha,
Quito capitulou e o território equatoriano foi integrado ao da república
colombiana. Em 26 de julho, ele e o general José de San Martín
reuniram-se em Guayaquil, para decidir o destino do Peru, onde ainda
havia tropas espanholas. O seu ponto de vista prevaleceu e o chefe
argentino renunciou a qualquer pretensão sobre o Peru. As vitórias de
Junín (1824) e de Ayacucho (1824), esta última comandada por Antonio
José de Sucre, seu lugar-tenente, terminaram definitivamente com o
poderio espanhol no continente sul-americano.
Embora o congresso para
promover a união das repúblicas hispano-americanas realizado no Panamá
(1826), seu último ideal, tenha fracassado, o herói chegara ao ponto
culminante de seu poder: era presidente da Colômbia, chefe supremo do
Peru e presidente da Bolívia. Todavia, as aspirações regionalistas não
tardaram a promover a desagregação da grande nação idealizada e,
progressivamente, a situação tornou-se insustentável. Foi obrigado a
renunciar à presidência vitalícia do Peru (1828), a Bolívia se tornou
independente (1829) e, pouco depois, a Venezuela se separou da Grande
Colômbia.
Com o assassinato de Sucre (1830), a saúde minada pela tuberculose, sem recursos e sem apoio político, foi acolhido por seu amigo
espanhol Joaquín de Mier, na quinta de São Pedro Alexandrino, perto de
Santa Marta, Colômbia, onde morreu em 17 de dezembro (1830), após 47
anos de vida. Seu corpo foi trasladado por Páez para Caracas, onde
repousa no Panteão Nacional.
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