terça-feira, 18 de maio de 2021

A Palestina e a Perca de seus Territórios

Imagem da Net
A questão palestina é um termo utilizado em referência à luta dos povos palestinos após a perda de seus territórios, o que ocorreu em função dos desdobramentos ligados à criação do Estado de Israel em 1948. Atualmente, os territórios palestinos reduzem-se a restritas áreas na Cisjordânia e também na Faixa de Gaza, onde são comuns conflitos entre judeus e árabes.

Contexto histórico

Os povos palestinos são constituídos por uma etnia do mediterrâneo composta por uma miscigenação entre filisteus, árabes e cananeus; são maciçamente muçulmanos e utilizam o idioma árabe. Já a Palestina (de Filistina – “terra dos Filisteus”) é uma região considerada histórica tanto pelos próprios palestinos quanto pelos judeus. Esses últimos ocuparam essa região há mais de quatro mil anos, que é considerada por eles como uma área sagrada: a Terra Prometida.

Os judeus, no entanto, foram expulsos dessa área, primeiramente pela Babilônia e, posteriormente, pelo Império Romano, o que constituiu um episódio histórico conhecido como a diáspora judaica. Com isso, após vários outros desdobramentos históricos, os árabes e, mais precisamente, os palestinos mantiveram a ocupação da região por quase dois mil anos. Apesar disso, o domínio local foi exercido por muito tempo pelo Império Turco-Otomano.

Ao final do século XIX, foi criado pelo escritor austríaco judeu, Theodor Herzl, o movimento sionista, que representava a busca pela retomada da Terra Prometida, também chamada de “Sião”. Também foi fundada a Organização Sionista Mundial (OSM), que tinha sede na Suíça. Dessa forma, iniciou-se um gradativo processo migratório de judeus para a região da Palestina, que foi, ao menos inicialmente, marcado pela ausência de qualquer conflito.

Após o término da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a recorrente derrota dos turcos, a região ficou sob a administração da Inglaterra, que cogitou então a criação de um Estado judeu, causando uma série de instabilidades locais entre as diferentes populações. Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o fluxo migratório judeu intensificou-se e esse povo ganhou uma maior influência diplomática, principalmente pelos episódios protagonizados pela Alemanha nazista e pelo Holocausto.

Após a realização de acordos entre Estados Unidos, Reino Unido e União Soviética, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou a partilha da Palestina em 1947. Os judeus ficaram com 57% do território, e os árabes, que eram maioria na região, com 43%. A capital, Jerusalém (sagrada para as religiões judaica e islâmica), pertenceria a ambos e ficaria sob a administração da própria ONU. No ano seguinte, foi fundado, então, o Estado de Israel.

Essa configuração, no entanto, não agradou os povos árabes do Oriente Médio, que iniciaram uma ofensiva contra o Estado de Israel no mesmo ano de sua criação. Esse ataque – chamado de Primeira Guerra Árabe-Israelense e liderado por Egito, Transjordânia (hoje, Jordânia), Líbano e Síria – foi combatido pelos judeus, que tinham nos Estados Unidos um grande aliado diplomático e militar.

Após o estabelecimento de um armistício na região, Israel ocupou novas áreas pertencentes aos palestinos, que ficaram então sem território, pois suas áreas foram novamente divididas. Os judeus ficaram com a Galileia e outras áreas, ao passo em que a Jordânia incorporou a Cisjordânia e o Egito dominou a Faixa de Gaza. Esses acontecimentos tornaram mundialmente conhecida a questão palestina: o caso de uma nação que ficou sem o seu território.

Questão Palestina

Enquanto os palestinos foram enfraquecendo-se e, consequentemente, dispersando parte de sua população para outros territórios (como o Líbano, a Síria e o Egito), Israel intensificou a sua força e tornou-se militar e politicamente preponderante na região do Oriente Médio, principalmente após as vitórias nas guerras do Suez (1956), dos Seis Dias (1967) e do Yom Kippur (1973). Essa configuração favoreceu a criação, por parte dos palestinos, de vários grupos extremistas que passaram a lutar não só pela criação de um Estado Palestino, mas também pela total destruição de Israel e expulsão dos judeus da região.

Nesse intuito, foi fundada a Organização para a Libertação Palestina (OLP) em 1964, liderada pelo grupo Al Fatah, que realizava atos extremistas desde 1959 e era comandado por Yasser Arafat. Mais tarde, em 1987, foi fundado outro grupo extremista, o Hamas, que hoje é formado por três frentes: um partido político, um braço armado e uma organização filantrópica pró-palestina. Esse grupo é considerado por muitos países como uma organização terrorista (incluindo Israel e EUA), mas para outros países ele não é visto como tal (incluindo Turquia e até o Brasil).

Também no ano de 1987, a OLP, sob liderança do Fatah de Yasser Arafat, passou a não mais utilizar métodos de violência para alcançar seus objetivos e também atuou no sentido de reconhecer a existência do Estado de Israel, reivindicando, no entanto, a criação do Estado da Palestina e uma convivência harmônica entre os dois povos, diferentemente do Hamas, que não aceita a existência dos israelenses. Por causa dessa configuração, a OLP passou a ser reconhecida pelo Ocidente e pela ONU como a única representante da frente árabe na Palestina.

Em 1993, os Estados Unidos fizeram a intermediação diplomática entre Arafat e o então primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, nos chamados Acordos de Oslo, na Noruega, local onde as negociações ocorreram. A assinatura oficial dos termos foi realizada em Washington, capital dos EUA (foto abaixo). Esses acordos fizeram com que os palestinos tivessem posse novamente de um território – mesmo que sem um Estado constituído –, ao mesmo tempo em que a OLP foi reconfigurada pela criação da Autoridade Palestina (AP). Essa instituição ficou sob o comando de Arafat e ergueu a sua sede na Cisjordânia, que foi devolvida pelos israelenses juntamente à Faixa de Gaza.

No entanto, as relações de paz estiveram longe de se estabelecerem, de modo que as tensões aumentavam sempre que um primeiro-ministro do Partido Likud vencia as eleições em Israel, pois esse grupo é inimigo ferrenho dos palestinos, enquanto o Partido Trabalhista costuma fazer mais concessões. Em 2000, com a chegada de Ariel Sharon, do Likud, ao poder em Israel, as relações estremeceram-se completamente, pois Sharon sempre foi um grande opositor a qualquer acordo com os árabes. Por essa razão, os atentados terroristas intensificaram-se na região. Em 2004, morreu Yasser Arafat.

Em 2002, iniciaram-se as construções do Muro de Israel ou Muro da Cisjordânia para a separação dos territórios controlados pelos palestinos do restante do território de Israel. No entanto, essa construção vem sendo bastante criticada, em razão das acusações de que Israel estaria ocupando, durante o erguimento da muralha, áreas que deveriam ser de controle palestino.

Em 2006, para tornar o cenário ainda mais tenso politicamente, o Hamas venceu as eleições no território palestino, derrotando pela primeira vez o Fatah, o que gerou uma recusa por parte de Israel e das potências internacionais de reconhecerem a Palestina, isolando a Autoridade Palestina politicamente. Além disso, o governo de Israel – atualmente na figura do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu – vem incentivando a instalação de colônias de judeus em áreas sob a posse de palestinos, incluindo a Faixa de Gaza, uma das áreas em que há mais atentados terroristas e conflitos armados no mundo.

Em 2012, após uma série de debates e resoluções no contexto da ONU, o Estado Palestino passou a ser reconhecido como um membro observador das Nações Unidas, o que representa um reconhecimento implícito por parte da comunidade internacional da existência da Palestina sob comando árabe. Os EUA e Israel agiram como ferrenhos opositores à proposta, porém foram derrotados pela Assembleia Geral da entidade.

Atualidade

Atualmente, muitas questões dificultam a concretização da criação do Estado da Palestina, incluindo aí a questão dos colonos judeus incentivados por Israel. Além disso, os israelenses detêm controle sobre recursos naturais e até sobre a água e não parecem estar dispostos a ceder essa posse aos árabes. E isso sem falar na cidade de Jerusalém, considerada sagrada para os muçulmanos e reivindicada pelos palestinos e que também não será cedida, sob nenhuma hipótese, pelo Estado de Israel.

Consequentemente, os atentados terroristas e os confrontos continuam ocorrendo, incluindo a forma como Israel contra-ataca as ações do Hamas, muitas vezes com um uso desproporcional de força e poderio miliar. Recentemente, o Brasil criticou publicamente a forma de agir de Israel em termos de violência em Gaza. O Porta-Voz das Relações Exteriores do país, Yigal Palmor, respondeu chamando o governo brasileiro de “anão diplomático”, o que gerou um grande mal-estar na diplomacia internacional. Posteriormente, o governo de Israel desculpou-se pela declaração.

Brasil Escola

 
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