Artesão, físico, matemático,
filósofo e astrônomo italiano nascido em Pisa, o mais importante
cientista de sua época e um dos maiores sábios que a humanidade já teve.
Filho de Vincenzo Galilei, matemático competente e músico razoável,
obteve sua educação em um monastério de Vallombrosa, próximo a Florença e
na Universidade de Pisa, onde interrompeu o curso de medicina para se
dedicar ao estudo da matemática e das ciências. Lá desenvolveu seus
primeiros trabalhos sobre queda livre de corpos, aprimorando os estudos
de Francisco Soto, principalmente sobre trajetórias parabólicas de
projéteis em queda livre.
Observar o
movimento oscilatório de um dos lustres da catedral de Pisa, enquanto
contava as próprias pulsações, constatou que o movimento era periódico e
descobriu o isocronismo das oscilações do pêndulo (1581). Constatou
também que o período de um pêndulo independe da natureza e da massa da
substância, ponto de partida para algumas de suas mais importantes
pesquisas. Escreveu De Motu (1590), reunindo seus experimentos sobre a
queda livre dos corpos.
De volta à
universidade, doutorou-se (1585) e passou a ensinar na Academia
Florentina. Logo ficou conhecido nos círculos científicos devido a um de
seus inventos, a balança hidrostática (1588). Depois de publicar um
estudo sobre a gravidade (1589), foi convidado a ensinar na Universidade
de Pisa, onde realizou experiências de máxima importância sobre o
movimento físico, em especial os movimentos que se registram na
superfície terrestre, sendo a mais famosa, a que comprovou que objetos
de diferentes massas em queda livre caem com a mesma aceleração,
lançando pioneiramente a noção de gravidade, posteriormente desenvolvida
por Newton, e abalando pela primeira vez os preceitos da física
aristotélica. Inventou o termômetro (1592 - pode não ter sido o
pioneiro! - ver Sanctorius Santori Capodistria) e divulgou Della scienza
mechanica, sobre problemas de levantamento de pesos. Foi professor de
matemática em Pádua (1592-1610), universidade fundada três séculos e
meio antes (1222), onde se especializou nas teorias de Copérnico e de
Kepler e, portanto, opondo-se a mecânica de Aristóteles e apresentou
definitivamente os primeiros enunciados para as leis de queda dos corpos
e da oscilação (1602).
Artesão habilidoso, ali criou
uma oficina onde trabalhavam fundidores, torneiros e marceneiros,
inventando e fabricando material científico como, por exemplo,
microscópios simples, lunetas e telescópios para vender. Importou as
idéia das lentes ópticas criadas por pesquisadores holandeses,
aperfeiçoou o invento e criou um telescópio capaz de aumentar a imagem
32 vezes, tornando-se pioneiro no uso de uma luneta para observar os
corpos celestes.
Registrou a
existência de mares, crateras e montanhas na Lua e as manchas solares e a
descoberta de Ganimedes, terceiro satélite de Júpiter (1610). Ao
descobrir os quatro satélites de Júpiter, obteve a primeira prova de que
alguns corpos celestes são capazes de orbitar outros astros. Observou
que Vênus tinha as mesmas fases que a Lua e concluiu que isso ocorria
porque o planeta, assim como a Terra, orbitava em torno do Sol. Com
isso, comprovava o sistema heliocêntrico de Copérnico. Expôs todas essas
descobertas no livro Sidereus nuncius (1610) e em Istoria i
dimostrazioni intorno alle macchie solari (1613) em que, pela primeira
vez, defendeu publicamente a tese do heliocentrismo de Copérnico, e
declarou que as Escrituras eram alegóricas e, assim, não podiam servir
de base para conclusões científicas. Por causa de suas afirmações teve
sérios problemas com a Igreja, chegando a ser julgado pela Inquisição e,
sob ameaça de excomunhão e morte pela Igreja, renegou formalmente suas
descobertas.
A polêmica
provocada pelo tema levou também a Igreja Católica a proibir o livro de
Copérnico. Segundo a tradição suas obras se tornavam ainda mais
perigosas para a Igreja Católica, que preconizava o geocentrismo,
porque, ao contrário dos outros sábios, não escrevia em latim, mas na
própria língua vulgar falada pelo povo, em estilo ágil e, dependendo do
assunto, até irônico, o que o tornou muito popular. Impedido de
prosseguir os estudos sobre o sistema de Copérnico, recolheu-se a seu
castelo, na localidade de Arcetri, nos arredores de Florença, onde se
dedicou a estabelecer e comprovar novos métodos de pesquisa científica
baseados na experimentação.
Solicitou ao papa
Urbano VIII, seu protetor, permissão para escrever uma obra em que os
dois sistemas seriam comparados. Publicou o que se tornaria seu
principal trabalho, Diálogo sopra i due massimi sistemi del mondo,
ptolemaico e copernicano (1632), um diálogo hipotético entre o
coperniciano Salviati e o aristotélico Simplício. A obra provocou
acirrada polêmica e suas idéias foram consideradas por muitos mais
perigosas que as de Lutero e Calvino. De novo julgado pela Inquisição,
concordou em abjurar para evitar condenação maior (1633).
Recolhido
definitivamente ao castelo de Arcetri, dedicou-se a partir de então à
pesquisas e publicações essencialmente sobre o movimento, reunidas na
obra Discorsi e dimostrazioni matematiche intorno a due nuove scienze
(1638), tornando-se então conhecido como o criador da ciência do
movimento. Estabeleceu os fundamentos da dinâmica e lançou as bases de
uma nova metodologia científica, estimulou o aparecimento da hidráulica
experimental e revisou o conceito aristoteliano sobre vácuo.
Embora tenha
publicado pouco sobre hidrostática (1612), historicamente sua maior
contribuição à hidráulica foi o fato de ter estabelecido que a sua
mecânica é uma ciência experimental, principalmente através de suas
experiências sobre deslocamentos em meios fluidos com o ar. Seu
discípulo mais famoso foi Torricelli que, juntamente com seu mestere,
tornaram-se os mais importantes nomes do surgimento da era da ciência
moderna, sendo responsável também por transformações históricas no campo
das medidas, graças a sua vontade sistemática pela determinação
quantitativa das grandezas físicas.
Publicou
argumentos defendendo a teoria ondulatória de propagação da luz, que
desde Aristóteles tinha sido admitida por Da Vince. Foi o autor de uma
das leis do movimento, posteriormente denominada de leis da inércia. Sua
obra foi continuada por Torricelli, Pascal, Roberval, Fermat, Huygens,
Varignon, Mersènne e muitos outros cientistas ao longo dos séculos
seguintes. É, sem dúvida, a principal personalidade histórica da
mecânica. A cegueira pôs fim às suas pesquisas (1637), cinco anos antes
de sua morte, em Arcetri, perto de Florença.
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