Após a morte de Costa e Silva em 1969, antes do término de seu
mandato, os grupos militares acabaram conseguindo aprovar o nome do
general gaúcho Emílio Garrastazu Médici à presidência. Representante dos
setores militares mais conservadores, Médici governou o Brasil em um
contexto de considerável estabilidade política, aspecto que se deu em
grande parte graças à repressão policial-militar sistemática a toda
forma de oposição.
Esta realidade, inclusive, foi um dos elementos que
mais marcaram o mandato do general gaúcho, uma vez que tal período é
considerado como o de maior repressão da história do Brasil. A partir de
1968, houve um amplo uso de instrumentos de tortura com o fim de
conseguir confissões dos suspeitos acusados de se oporem ao regime, sem
contar a grande repressão que os órgãos de imprensa sofriam, o que
impossibilitava as denúncias contra os abusos cometidos pelos militares.
Outro grande destaque do governo Médici foi sua
política econômica. Seu Ministro da Fazenda, Antônio Delfim Netto,
propôs um conjunto de medidas que visavam o investimento em empresas
estatais de áreas estratégias, como as de siderurgia, petroquímica e
geração de energia. Apoiada pela recuperação da capacidade fiscal do
Estado e por uma maior estabilidade monetária conquistada anos antes, a
estratégia deu tanto certo que resultou em um inédito período de
crescimento econômico, variando entre 7 a 13% ao ano.
Ao mesmo tempo em que a economia crescia como nunca, o governo
realizava grandes obras de infraestrutura, como a construção da
hidrelétrica de Itaipu, a ponte Rio-Niterói e a faraônica rodovia
transamazônica. Todos estes fatores contribuíam para a criação de uma
sensação de modernidade, uma imagem ufanista de um “Brasil potência”. O
governo explorava esse clima de euforia atribuindo o sucesso econômico
ao regime militar, por meio da criação de slogans como "Ninguém mais segura este país" ou "Brasil, ame-o ou deixe-o".
Famoso slogan usado pelo governo
No entanto, o crescimento econômico brasileiro estava
muito mais atrelado a fatores externo do que à administração dos
militares. Desta forma, quando ocorreu a crise do petróleo em 1973 o
Brasil foi fortemente afetado, visto que praticamente todo o combustível
no país era importado. Findava-se assim a época das “vacas gordas”
geradas pelo milagre econômico e se iniciava um período de grande
aumento da dívida externa brasileira e da concentração de renda. Médici foi substituído pelo também general Ernesto Geisel a partir de 1974.
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