O chamado pré-natal é a assistência na
área da enfermagem e da medicina prestada à gestante durante os nove meses de gravidez,
visando evitar problemas para a mãe e a criança nesse período e no momento do parto. Durante a
gravidez, os pais podem escolher fazer o exame pré-natal, ou seja, diagnósticos
para verificar se haverá deformações nos genes e nos cromossomos
do embrião
ou do feto.
O Pré-natal no Brasil
Atualmente, no Brasil, é reconhecida a
importância de se ter um acompanhamento abrangente no pré-natal, que inclua não
só as questões biológicas, mas, também, outros aspectos relevantes ao
desenvolvimento infantil, como a saúde emocional da mãe, o apoio que ela
encontra nos familiares, no trabalho, na escola e na comunidade, bem como
orientações sobre a importância da construção do vínculo com o bebê e da
participação do pai. Assim, deve-se tratar com igual atenção e importância os
aspectos relacionados à vida psíquica da gestante, sua família e seu ambiente
social direto e indireto. Isto porque o impacto que se tem com essa abordagem
ampliada do pré-natal, trabalhando os aspectos físicos, emocionais e sociais da
gestante e seu ambiente, potencializa o desenvolvimento infantil em suas
múltiplas dimensões: motora, intelectual, de linguagem, social e emocional.
O conceito de clínica ampliada no pré-natal é uma
diretriz do SUS (Sistema Único de Saúde)
voltada para operacionalizar a equidade (atender segundo as necessidades dos
sujeitos e grupos) e a integralidade (indissociabilidade das dimensões
biopsicossociais), permitindo superar uma atuação meramente curativa .O pré-natal deve começar assim que a mulher descobre
que está grávida. No Brasil, a partir desse momento, o Ministério da Saúde
recomenda que sejam realizadas no mínimo seis consultas (uma no primeiro
trimestre da gravidez, duas no segundo e três no terceiro), Sendo ideal é que a
primeira consulta aconteça no primeiro trimestre e que, até a 34ª semana, sejam
realizadas consultas mensais. Entre a 34ª e 38ª semanas, o indicado seria uma
consulta a cada duas semanas e, a partir da 38ª semana, consultas toda semana
até o parto, que geralmente acontece na 40ª semana, mas pode durar até 42
semanas.
O atendimento proporcionado nessas consultas deve
ser registrado e monitorado no Cartão da Gestante, pelos profissonais
envolvidos, utilizado nas unidades básicas de Saúde do País e também pelos
profissionais que a atenderão no parto. Por meio desse monitoramento, é
possível fazer o acompanhamento, o diagnóstico e o tratamento de doenças
pré-existentes ou das que podem surgir durante a gravidez.Durante o pré-natal, a gestante deve receber
informações sobre seus direitos, hábitos saudáveis de vida (alimentação,
exercícios etc.), medicamentos que precisa tomar e os que deve evitar e as
mudanças que ocorrem durante a gravidez, como a maior incidência de sono e
alterações no ritmo intestinal. Também tem de receber informações sobre sinais
de risco em cada etapa da gravidez, como lidar com dificuldades de humor,
temores em relação à sua saúde e a saúde do bebê, enjoos, inchaço, manchas na
pele, sinais de parto etc.
Um pré-natal bem realizado deve, sobretudo,
valorizar a participação da gestante, fortalecendo a sua autoconfiança para que
possa chegar ao momento do parto tendo maior clareza sobre o que está sentindo,
sobre o parto e os limites para enfrentar todo o processo, além de ser
orientada sobre como, quando e para quem ela pode pedir ajuda.
As consultas
O pré-natal segue um protocolo para o
monitoramento da saúde da gestante e do feto. Inclui anamnese, exame físico e
análise de exames laboratoriais e de imagem. As recomendações para cada etapa
da gravidez podem ser acessadas na página do Ministério da Saúde (em termos
nacionais) e também nas páginas das Secretarias de Saúde dos Estados, que podem
oferecer orientações complementares, com atividades específicas.
No entanto, é muito importante que as gestantes
aproveitem o momento da consulta para colocar suas dúvidas, preocupações,
experiências a fim de ampliar o diálogo com os profissinais de saúde.As gestantes atendidas pela Estratégia Saúde da
Família poderão contar, ainda, com uma visita domiciliar pela enfermeira da
equipe a partir da 36ª semana de gestação. A assistência do pré-natal bem estruturada pode
promover a redução dos partos prematuros e de cesárias desnecessárias, de
crianças com baixo peso ao nascer, de complicações de hipertensão arterial na
gestação, bem como da transmissão vertical de patologias como o HIV, sífilis e
as hepatites. No entanto, para que essa assistência seja efetiva,
é importante que abarque os seguintes aspectos:
- Captação precoce – quanto antes a gravidez for diagnosticada e a gestante receber os cuidados da equipe perinatal, mais precocemente poderão ser detectados problemas passíveis de controle ou de cura.
- Frequência e periodicidade adequadas – é preciso garantir que a gestante receba o atendimento necessário em seis consultas, no mínimo, durante a gravidez.
- Extensão de cobertura – é fundamental que a assistência atinja 100% das gestantes de uma cidade, de um estado e de todo o País. No entanto, dados oficiais do Ministério da Saúde do Brasil, de 2011, indicam que 4,6% de mulheres grávidas estavam sem assistência de pré-natal.
- Qualidade – de nada adianta captar precocemente e oferecer o número adequado de consultas se não houver uma prática que garanta tecnologias atuais, apropriadas e precisas que causem impacto positivo da saúde perinatal, fortalecendo a integralidade.
·
Para que haja, de fato, um atendimento que
promova qualidade de vida à gestante, ao bebê e à família, algumas iniciativas
são essenciais. A primeira está relacionada ao formato do atendimento que, para
se prestar aos objetivos reais do pré-natal, precisa ser multiprofissional.
Isso significa contar com a ação de médicos obstetras e ginecologistas, médicos
de família, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, psicólogos,
assistentes sociais, nutricionistas, educadores físicos e fisioterapeutas. No
entanto, não adianta ter todos os profissionais atuando se esse trabalho não
for integrado e, sobretudo, centrado nas necessidades das gestantes para que
ocorra a troca de conhecimentos e a busca compartilhada de soluções para cada
impasse detectado.
·
Vale ressaltar que, desde 1984, o Programa de
Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), do Ministério da Saúde do Brasil,
preconiza esse atendimento multiprofissional. Outro aspecto a ser considerado
para o total êxito do pré-natal é o apoio comunitário, intimamente relacionado
ao conceito de saúde-doença, reforçando a ideia de que a saúde é produzida nos
diferentes espaços. Por isso, a importância de os cidadãos e as comunidades
trabalharem no sentido de garantir uma melhor qualidade de vida, estimulados
pela implantação de ações e políticas públicas que promovam a
intersetorialidade e o bem-estar coletivo. Por exemplo, no caso do pré-natal de
gestantes adolescentes é fundamental envolver a família e a escola como elementos
da rede de suporte social para que atuem na incorporação de hábitos saudáveis,
assegurando seus direitos.
· É preciso, também, planejar e realizar ações que
garantam o atendimento de grupos de gestantes específicos, dividindo as futuras
mães em faixas etárias e períodos da gestação para oferecer um atendimento
customizado a cada uma delas (gestantes adolescentes e mães tardias, gestantes
do terceiro trimestre, por exemplo). Outra iniciativa que contribui à
eficiência do pré-natal é a normatização da assistência. Isso significa criar
regras e orientações padronizadas para o atendimento e monitoramento das
futuras mães por todos os profissionais da Saúde envolvidos no processo. Dessa
forma, criam-se meios e ferramentas confiáveis de avaliação para averiguar onde
e de que forma procedimentos precisam ser ajustados ou criados.
Além da tradicional abordagem fisiológica da
gestante e do feto, é essencial que o pré-natal amplie seu foco, garantindo
acolhimento à futura mãe, repleta de dúvidas, possíveis medos e ansiedade. Por
isso, recomenda-se que o pai da criança acompanhe as consultas. Além de ajudar
a mãe a sentir-se mais segura e protegida, ele começa a estabelecer um maior
vínculo com o filho, trazendo benefícios não só à gestante e a ele mesmo, mas
especialmente, ao bebê.
A questão do acolhimento é um dos eixos e
diretrizes da Política Nacional de Humanização e de Atenção Obstétrica e
Neonatal do Ministério da Saúde do Brasil .O atendimento psicológico (a psicoprofilaxia) à
gestante pode ser dar nas consultas individuais e nos grupos de discussão ou
educativos propiciados pela equipe de Saúde para envolver a futura mãe, seu
parceiro e a família e que devem ser uma estratégia transformadora e apoiadora
da família grávida.É importante que nesses espaços ela possa
compartilhar suas impressões sobre a gestação e o momento do parto e que haja a
troca de sensações entre os envolvidos (o pai, a família), com a supervisão e
orientação dos profissionais de Saúde.
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