Projeto que está sendo analisado na
Comissão de Educação da Câmara dos Deputados inclui no ECA (Estatuto da Criança
e do Adolescente) um artigo que obriga os alunos a observarem os códigos de
ética e conduta da escola onde estão matriculados e "respeitar a
autoridade intelectual e moral de seus docentes".
Em caso de descumprimento, os alunos nessa faixa
etária estarão sujeitos a suspensão e, "na hipótese de reincidência grave,
ao seu encaminhamento a autoridade judiciária competente". Para a representante do Conselho
Nacional dos Trabalhadores em Educação, Claudir Sales, alterar o ECA (Lei
8.069/90) não vai resolver o problema de violência que atinge alunos e
professores diariamente. "Eu não acredito que colocando um artigo
penalizando a criança e o adolescente no estatuto vai resolver",
ressaltou.
Segundo ela, a diminuição dos índices de
violência é uma questão mais ampla, que depende do fortalecimento do sistema
educacional. "Para resolver tem que ter realmente uma política de Estado,
uma educação pública com qualidade, uma valorização dos profissionais da
educação". Também a coordenadora geral das Redes Públicas da
Secretaria de Educação Básica do MEC, Clélia Mara dos Santos, afirmou que
"se não houver uma construção dentro da escola, envolvendo os alunos, os
professores e a comunidade, não há legislação que resolva o problema da
violência". Ela destacou que a gestão democrática precisa ser fortalecida
nas escolas antes de qualquer alteração no ECA.
Regras claras
Já o diretor da Confederação Nacional dos
Estabelecimentos de Ensino, João Luiz Cesarino, afirmou que as escolas precisam
de respaldo legal para poder controlar a ação violenta de alunos. João Luiz
espera da alteração na legislação "o estabelecimento de direitos e deveres
claros e a conscientização das partes envolvidas." A entidade representa
as escolas privadas. A relatora da proposta na Comissão de Educação,
deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), diz que é preciso
estabelecer na escola um diálogo entre professores e alunos capaz
de superar os problemas que existem atualmente. "Nós precisamos
regulamentar e tratar de maneira bastante madura a organização do espaço
escolar com suas regras, com seus combinados, com seus acertos", disse a
deputada.
A deputada entende que "o fato de eu
estabelecer regras, necessariamente eu não estou estabelecendo punição. Mas
também não entendo que a gente pode fazer de conta que o problema não existe; o
problema existe", ressaltou ela. O auditor fiscal do Trabalho, do Departamento de
Segurança e Saúde do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, Jefferson
Seidler, informou que não existe nenhuma estatística no Brasil
que quantifique a ligação entre a violência e a saúde dos professores. Ele
lembrou que o departamento cuida dos trabalhadores celetistas, que representam
na educação 25 por cento dos profissionais – os restantes são servidores
públicos.
Tramitação
A proposta, que tramita em caráter conclusivo, já foi aprovada na Comissão de Seguridade Social e Família e está atualmente na Comissão de Educação. Em seguida, vai ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Do Uol
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