A partir do final da década de 70, o Regime Militar parecia dar indícios de que estava com seus dias contados. A estagnação econômica, o desemprego e os altos níveis de inflação geravam grande descontentamento na população, fato que acabou pressionando os militares a tornar mais flexível o sistema político adotado, levando-os a considerar uma futura transição democrática, inclusive. Em 1979, o sistema bipartidário foi substituído pelo pluripartidarismo, aspecto que tornou possível a posterior eleição de membros da oposição aos cargos do Legislativo em 1982.
Em 1983, um destes deputados contrários ao regime militar idealizou uma Emenda Constitucional que serviria de base para o futuro início de um grande movimento em prol da redemocratização da política brasileira. O mato-grossense Dante de Oliveira propôs a reinstituição do voto direto na escolha do sucessor do presidente João Figueiredo, fato que resultou em uma grande mobilização de apoio popular: as “Diretas Já!”.
Inúmeros comícios, protestos e aglomerações começaram a eclodir em diversas cidades do Brasil. Com o fim de lutar contra a repressão, o movimento tomou grandes proporções com a adesão de inúmeros artistas, intelectuais, escritores, além de lideranças estudantis e trabalhistas. No dia 16 de abril de 1984, mais de 1,5 milhão de pessoas se aglomeraram em uma grande mobilização na cidade de São Paulo.
Mesmo tendo sido uma das maiores mobilizações populares da história do Brasil, as “Diretas Já!” não foram capazes de fazer com que a emenda Dante de Oliveira fosse aprovada. Faltaram apenas 22 votos para a aprovação da mesma, em uma votação marcada pelo enorme número de deputados que não compareceram à sessão. Mesmo com tal derrota, as “Diretas Já” serviram para a culminação das eleições indiretas, as quais resultaram na eleição de Tancredo Neves, em 1985. Além disso, o movimento consagrou novas lideranças políticas no Brasil, como Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.
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