Caça Saab Gripen NG |
A escolha do Saab
Gripen NG para a substituição da frota de caças da Força Aérea Brasileira (FAB)
pode ter sido uma decisão política. É o que pensa alguns especialistas do
setor, como o professor Elones Fernando Ribeiro, diretor da Faculdade de
Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUC-RS). Segundo Ribeiro, o F-18 SuperHornet, de fabricação americana, possui
mais qualidades, porém tem um preço mais salgado.
Além dos suecos da Saab, estavam na disputa a norte-americana Boeing
(F-18E/FSuper Hornet) e a francesa Dassault, com o modelo Rafale F3. “Foi uma
escolha política. Tudo caminhava para a opção do F-18. Trata-se de uma
retaliação do governo brasileiro pela espionagem dos Estados Unidos. O caça da
Suécia é um projeto; o produto da Boeing é uma aeronave já em operação, uma
ferramenta consolidada, inclusive com experiência de guerra”, pontua Ribeiro. Com
42 anos de experiência com aviação, que inclui passagem pela FAB, Varig e
docência, o professor aponta ainda o fator econômico para a escolha, uma vez
que o Gripen é o mais barato dos três finalistas para compor a defesa nacional.
“O Gripen tem uma autonomia menor que o
F-18, mas atende os requisitos da defesa, controle e reconhecimento do espaço
aéreo nacional. E tem uma vantagem, tem a metade do custo por hora de voo do
Rafale, fabricado na França e bem menos que o americano. Mas o aparelho da
Boeing tem muito mais qualidade. O Brasil perdeu a oportunidade de ter uma arma
de referência no continente sul-americano”, analisa. Um outro problema é o uso
pela Marinha. “Os porta-aviões brasileiros não podem receber o Gripen,
completa.
Mas para o professor Fernando Catalano, do departamento de Engenharia
Aeronáutica da USP de São Carlos, a operação no porta-aviões não seria um
problema. Segundo ele, as plataformas que o Brasil tem atendem aos aviões da
Marinha e, diante disso, a escolha dos caças não entrou nesta questão. Para
Catalano, a opção pelas aeronaves suecas foi uma surpresa, mas os três modelos
concorrentes cumprem as exigências do programa brasileiro FX-2. “Foi uma
escolha política, mas também foi uma decisão técnica e econômica, pois o Saab é
um monomotor ou seja, é mais econômico e tem custo de manutenção mais baixo,
mas acredito que o ponto de decisão foi a transferência de tecnologia”,
explica. A Saab anunciou que haverá transferência de tecnologia imediatamente,
o que é de extrema importância para o que o Brasil possa manter as aeronaves de
forma independente.
Derivado de gerações anteriores do Gripen, o modelo NG (New
Generation) ainda voa apenas em testes. Para o governo, isso é positivo, uma
vez que a tecnologia transferida será “inédita para o setor aeroespacial”. “Quando
terminar o desenvolvimento nós teremos propriedade intelectual desse avião,
teremos acesso a tudo”, explicou o comandante da Aeronaútica, Juniti Saito.
O Gripen NG será utilizado em missões de defesa aérea, fazendo o
reconhecimento do espaço, além de ataques no solo e no mar. Um dos requisitos apontados
pela FAB para a escolha do modelo foi a tecnologia de ponta, com sensores
avançados e fusão de dados. O contrato contempla ainda treinamento de pilotos e
mecânicos, aquisição de simuladores de voo e logística inicial. A FAB irá receber o primeiro caça sueco no
final de 2018. O Gripen NG tem 14,1 metros de comprimento, 8,6 metros de
envergadura e velocidade máxima de M 2.0, ou seja, duas vezes a velocidade do
som (2.400 km/h) e pode ir de Goiânia a Salvador, por exemplo, em apenas 30
minutos.
Projeto FX-2
O Projeto FX-2 teve início em 2001. Aeronaves de três países ( Estados Unidos, Suécia e França) disputaram o contrato com o governo brasileiro. Os caças suecos substituirão os Mirage 2000, que serão aposentados este mês. Com a desativação do modelo, a FAB irá usar, principalmente, os caças F5M até a chegada dos aviões Gripen. Existe ainda a possibilidade de os suecos disponibilizarem ao Brasil versões anteriores do Gripen até a entrega dos modelos NG.
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