O diabetes é a segunda doença mais comum na infância, com um número cada vez
maior de diagnósticos de ambos os tipos de diabetes ao ano.O Diabetes não tira ferias e requer cuidados durante o dia todo. O controle
diário e a aplicação de insulina devem ser realizados mesmo quando as
crianças e adolescentes estão nas escolas. Grande parte do tempo eles passam
dentro das salas de aulas e do ambiente escolar e como os pais não estão
presentes para tomarem conta do tratamento dos seus filhos as escolas
devem ser envolvidas nos cuidados necessários das crianças com diabetes e
garantir a segurança dessas nas escolas.
Alguns cuidados são necessários no dia a dia dos alunos com diabetes
como espaço e tempo para realizarem seus controles e aplicação de insulina,
além disso planejamento de lanches e alimentos mais saudáveis que devem ser
consumidos no dia a dia e diante das intercorrências de hipoglicemia ou da
prevenção da mesma. As consequências da glicemia descontrolada podem ser
minimizados ou evitadas se os professores e auxiliares forem informados quanto
à condição do aluno e se houver pessoal disponível para ajudar o aluno com o
controle do diabetes.
No ambiente ideal as escolas deveriam estar familiarizadas com o diabetes e
as necessidades para manuseio da doença e desta forma evitar as complicações
decorrentes da falta de controle da glicemia nesse ambiente. Os alunos devem
ter a permissão ou terem supervisão para a aplicação de dose de insulina quando
necessária e realizar as correções de hipoglicemia e de hiperglicemia que podem
ocorrer no dia a dia. Nos Estados Unidos muitas das 200.000 crianças com diabetes não tem os
cuidados necessários em situação de emergência. Em alguns estados há a presença de uma enfermeira capaz de atender a criança
nessas circunstâncias. No entanto, na ausência de um profissional, a criança em
condição de emergência fica em risco.
Algumas escolas além de não propiciarem um ambiente médico seguro para as
crianças, as rejeitam comunicando-lhes não serem benvindas.No Brasil, assim como em outros países não existem leis que protegem a
criança com diabetes nas escolas. Segundo os dados brasileiros do Projeto DAWN
Youth, os pais relatam que os filhos perdem atividades escolares por causa do
diabetes e ainda, 4 em 10 pais disseram que o diabetes teve um impacto
significativo no desempenho escolar do filho. Os jovens brasileiros faltam à
escola pelo menos 1 vez/mês por causa do diabetes comparados a todos os jovens
pesquisados. 25% dos jovens acreditam que o diabetes tem um efeito negativo no
seu desempenho escolar, 20% dos jovens sentem constrangidos por causa do
diabetes e 10 % dos jovens já sofreram discriminação e consideram que o
diabetes limita seus relacionamentos sociais. Muitos jovens disseram que
gostariam que os professores fossem capacitados para prestar auxílio em
situações de emergência relacionadas ao diabetes. Não é incomum os pais
relatarem dificuldades em manter seus filhos nas escolas devido aos problemas
enfrentados por eles no seu dia a dia.
O ideal seria que, no início de cada ano escolar, os pais das crianças
comunicassem ao Diretor da escola, ao professor, ao enfermeiro e outros adultos
que vão dividir a responsabilidade de cuidar de seu filho durante o dia, para
chegarem a um plano que possibilite um bom cuidado da criança durante todo o
ano. A Associação Americana de Diabetes tem trabalhado com os pais, profissionais
de saúde, funcionários, administradores, no sentido da certeza de que todos os
alunos com diabetes tenham os cuidados que necessitam para aprenderem e serem
saudáveis. Que estejam sendo tratadas de forma justa e tendo as mesmas
oportunidades educacionais de seus colegas.
Muitas vitórias já foram conseguidas, mas há outras tantas a conseguir.No Brasil, por suas dimensões continentais e as grandes diferenças
socioeconômicas regionais, devemos viver situações dramáticas. Segundo o Dr.
Mauro Scharf, Coordenador do Departamento de Diabetes no Jovem da Sociedade
Brasileira de Diabetes, há muito que ser feito nesta área. Muitas escolas
proíbem as crianças de realizarem testes de glicemia e aplicação de insulina
com receio do sangue e das agulhas, medo de acidentes e ainda há muita
desinformação e discriminação
O princípio democrático da educação para todos só se evidencia nos sistemas
educacionais que se especializam em todos os alunos, não apenas em alguns
deles. A inclusão, como consequência de um ensino de qualidade para todos os
alunos provoca e exige da escola brasileira novos posicionamentos e é um motivo
a mais para que o ensino se modernize e para que os professores aperfeiçoem as
suas práticas.Ocorre que não há lei que proteja os direitos das crianças portadoras de
diabetes nas instituições de ensino, existindo casos de discriminações onde a
instituição alegando ser “ política local “ se recusa a cooperar por entender
não ser obrigação prestar a assistência que uma criança diabética necessita,
como se negar a verificar o açúcar no sangue ou administrar medicação,
obrigando assim a família a procurar outro local para o seu filho que, com uma
sensibilidade, já percebeu ser o “ problema “. Juliana mãe do Rodrigo
de 7 anos relata que não pode realizar a matricula do seu filho porque a
escola justificou que não tinha estrutura para ter uma criança pequena com
diabetes. Então foi atrás de outras escolas e encontrou uma que foi receptiva e
aceitou que a nutricionista do Rodrigo fosse ate a escola e passasse as
orientações e as primeiras noções sobre o diabetes para a direção e os
professores da escola. Hoje Rodrigo esta bem adaptado e feliz sentindo se seguro,
mas ela conta que passou diversas dificuldades.
O Estatuto da Criança e do adolescente garante a educação e a igualdade de
condições de acesso e permanência na escola, além de vedar a discriminação. A
educação e o ensino, independente se em escola pública ou privada, não podem
ser tidos como uma atividade qualquer, é um direito universal, inscrito na
constituição, reconhecido, protegido e realizado em todas as nações. A Sociedade Brasileira de Diabetes reconhecendo o problema realizou um
trabalho em conjunto com a ADJ Associação Diabetes Brasil e a Sociedade
Brasileira de Pediatria e oferece ha 3 anos um site onde podem ser
encontrados materiais a serem entregues nas escolas para facilitar o manuseio
da doença no ambiente escolar. Esse site tem auxiliado muitas escolas e
pais de crianças com diabetes que podem acessar as informações e compartilhar
com as escolas dando inclusive dicas de como enfrentar as situações de
complicações agudas vividas no ambiente escolar.
Veja Dicas da Bete, “O que a nossa escola pode fazer para abraçar a causa dos alunos
com Diabetes”
Veja ainda o site Diabetes nas Escolas
Melhorar os cuidados a crianças e jovens diabéticos nas escolas é um grande
desafio que requer um trabalho conjunto de pais, professores, administradores,
profissionais de saúde, sociedades científicas e associações de diabéticos. Por fim gostaríamos que se você tem alguma experiência sobre como a criança
diabética é tratada na escola em sua cidade, relate essa experiência em nossa
seção de comentários, a seguir. Nossos agradecimentos.
Colaboraram nesta matéria:
Dra. Denise Franco
Coordenadora do Departamento de Educação em Diabetes da SBD
Dra. Lidiani Indiani
Endocrinologista Pediatrica da ADJ
Dr. Laerte Damaceno
Editor-Chefe do Portal SBD
Coordenadora do Departamento de Educação em Diabetes da SBD
Dra. Lidiani Indiani
Endocrinologista Pediatrica da ADJ
Dr. Laerte Damaceno
Editor-Chefe do Portal SBD
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