Embora a política desenvolvimentista de Juscelino
Kubitschek tenha proporcionado significativos índices de crescimento
econômico, também trouxe consigo um grande aumento da dívida externa brasileira
e altas taxas inflacionárias, realidade que deixava grande parte da população
insatisfeita e que acabou resultando na vitória expressiva do candidato da
oposição, Jânio da Silva Quadros, nas eleições presidenciais de 1960.
Expressão máxima do populismo, Jânio fazia
promessas de moralização da política, utilizando a imagem de uma vassoura para
passar a ideia de que “varreria” a corrupção do país. No entanto, a falta de um
posicionamento político e as contradições de Quadros resultaram em um governo
curto, confuso e que acabou provocando uma grave crise institucional.
Na área econômica, foram adotadas medidas
conservadoras, seguindo à risca as medidas propostas pelos credores
internacionais, como a desvalorização da moeda e o congelamento dos salários,
por exemplo. Aparentemente, isto dava indícios de uma aproximação do governo
com o bloco capitalista, o que, de fato, não ocorreu. Pelo contrário, Jânio Quadros pregava um
posicionamento independente. Assim, reatou as relações diplomáticas com a União
Soviética, recusou convites de encontros com o presidente dos Estados Unidos,
John Kennedy, e chegou a condecorar o líder revolucionário cubano Ernesto Che
Guevara, o que mostrou um claro alinhamento ao bloco socialista e gerou pesadas
críticas ao
seu governo.
Paralelamente a toda a polêmica criada por sua
política diplomática e suas consequências, Jânio Quadros adotava medidas
contraditórias e de pouca importância, como a proibição do uso de biquínis em praias e das
brigas de galo, por exemplo. Tudo isso, aliado ao fato de que a inflação
continuava em altos níveis, resultou em uma grande insatisfação popular. Em 25 de agosto de 1961, o Brasil foi
surpreendido pelo pedido de renúncia de Jânio Quadros. Para muitos
historiadores, isto não passou de uma manobra política com o fim de tentar
gerar uma comoção popular. Assim, o Congresso se veria obrigado a pedir seu
retorno e Jânio voltaria fortalecido da situação.
Carta de renúncia de Jânio Quadros
Porém, não foi o que ocorreu. A
população viu sua renúncia com grande indiferença. O Congresso aceitou-a
prontamente, tendo Ranieri Mazilli, presidente da Câmara, ocupado o cargo até a
volta do vice-presidente, João Goulart, de uma visita à China.
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