Bullying é um termo utilizado para descrever
atos de violência
física ou psicológica,
intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (do inglês
bully, tiranete ou valentão) ou grupo de indivíduos
causando dor e angústia, sendo executadas dentro de uma relação desigual de
poder.
Em
20% dos casos as pessoas são simultaneamente vítimas e agressoras de bullying,
ou seja, em determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas
de assédio escolar pela turma. Nas escolas, a maioria dos atos de bullying
ocorre fora da visão dos adultos e grande parte das vítimas não reage ou fala
sobre a agressão sofrida.
Devido
ao fato de ser um fenômeno que só recentemente ganhou mais atenção, o assédio
escolar ainda não possui um termo específico consensual, sendo o termo em inglês
bullying constantemente utilizado pela mídia de língua portuguesa.
Existem, entretanto, alternativas como acossamento, ameaça, assédio,
intimidação , além dos mais informais judiar e implicar ,
além de diversos outros termos utilizado pelos próprios estudantes em diversas
regiões.
No
Brasil, o Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa indica a palavra bulir como equivalente a mexer com,
tocar, causar incômodo ou apoquentar, produzir apreensão em, fazer caçoada,
zombar e falar sobre, entre outros.Por isso, são corretos os usos dos
vocábulos derivados, também inventariados pelo dicionário, como bulimento
(o ato ou efeito de bulir) e bulidor (aquele que pratica o bulimento).
Acossamento,ou "intimidação" ou entre falantes de língua
inglesa bullying é um termo frequentemente usado para descrever uma
forma de assédio interpretado por alguém que está, de alguma
forma, em condições de exercer o seu poder sobre alguém ou sobre um grupo mais fraco.
O cientista
sueco - que trabalhou por muito tempo em Bergen (Noruega) - Dan Olweus define
assédio escolar em três termos essenciais:
- o comportamento é agressivo e negativo;
- o comportamento é executado repetidamente;
- o comportamento ocorre num relacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas.
O assédio
escolar divide-se em duas categorias:
- assédio escolar direto;
- assédio escolar indireto, também conhecido como agressão social
O bullying
direto é a forma mais comum entre os agressores (bullies)
masculinos. A agressão social ou bullying indireto é a forma mais
comum em bullies do sexo feminino e crianças pequenas, e é caracterizada
por forçar a vítima ao isolamento social. Este isolamento é obtido por meio de
uma vasta variedade de técnicas, que incluem:
- espalhar comentários;
- recusa em se socializar com a vítima;
- intimidar outras pessoas que desejam se socializar com a vítima;
- ridicularizar o modo de vestir ou outros aspectos socialmente significativos (incluindo a etnia da vítima, religião, incapacidades etc).
O assédio
pode ocorrer em situações envolvendo a escola ou
faculdade/universidade, o local de trabalho, os vizinhos e até
mesmo países.
Qualquer que seja a situação, a estrutura de poder é tipicamente evidente entre
o agressor (bully) e a vítima. Para aqueles fora do relacionamento, parece que o
poder do agressor depende somente da percepção da vítima, que parece estar a mais
intimidada
para oferecer alguma resistência. Todavia, a vítima geralmente tem motivos para
temer o agressor, devido às ameaças ou concretizações de violência física/sexual,
ou perda dos meios de subsistência.
Deve-se
encorajar os alunos a participarem ativamente da supervisão e intervenção dos
atos de bullying, pois o enfrentamento da situação pelas testemunhas demonstra
aos autores do bullying que eles não terão o apoio do grupo. Uma outra
estratégia é a formação de grupos de apoio, que protegem os alvos e auxiliam na
solução das situações de bullying. Alunos que buscam ajuda tem 75,9% de
reduzirem ou cessarem um caso de bullying.
Os
professores devem lidar e resolver efetivamente os casos de bullying, enquanto
as escolas devem aperfeiçoar suas técnicas de intervenção e buscar a cooperação
de outras instituições, como os centros de saúde, conselhos tutelares e redes
de apoio social.
Pesquisas
indicam que adolescentes agressores têm personalidades autoritárias, combinadas
com uma forte necessidade de controlar ou dominar. Também tem sido sugerido que uma
deficiência em habilidades sociais e um ponto de vista preconceituoso sobre
subordinados podem ser particulares fatores de risco. Estudos adicionais têm
mostrado que enquanto inveja e ressentimento podem ser motivos para a prática
do assédio escolar, ao contrário da crença popular, há pouca evidência que
sugira que os bullies (ou bulidores) sofram de qualquer déficit de autoestima.Outros
pesquisadores também identificaram a rapidez em se enraivecer e usar a força,
em acréscimo a comportamentos agressivos, o ato de encarar as ações de outros
como hostis, a preocupação com a autoimagem e o empenho em ações obsessivas ou
rígidas. É
frequentemente sugerido que os comportamentos agressivos têm sua origem na
infância:
"Se o comportamento agressivo não é desafiado na infância, há o
risco de que ele se torne habitual. Realmente, há evidência documental que
indica que a prática do assédio escolar durante a infância põe a criança em
risco de comportamento criminoso e violência doméstica na idade adulta".O assédio
escolar não envolve necessariamente criminalidade ou violência. Por exemplo, o
assédio escolar frequentemente funciona por meio de abuso psicológico ou
verbal.
Os bullies
sempre existiram mas eram (e ainda são) chamados em português de rufias, esfola-caras,
brigões, acossadores, cabriões, avassaladores, valentões e verdugos.
Os valentões
costumam ser hostis, intolerantes e usar a força para resolver seus problemas.Porém,
eles também frequentemente foram vítimas de violência, maus-tratos,
vulnerabilidade genética, falência escolar e experiências traumáticas.
Comportamentos autodestrutivos como consumo de álcool e drogas e correr riscos
desnecessários são vistos com mais frequência entre os autores de bullying.Quanto mais
sofrem com violência e abusos, mais provável é deles repetirem esses
comportamentos em sua vida diária e negligenciarem seu próprio bem estar.
Os bullies
usam principalmente uma combinação de intimidação e humilhação para atormentar
os outros. Alguns exemplos das técnicas de assédio escolar:
- insultar a vítima;
- acusar sistematicamente a vítima de não servir para nada;
- ataques físicos repetidos contra uma pessoa, seja contra o corpo dela ou propriedade.
- interferir com a propriedade pessoal de uma pessoa, livros ou material escolar, roupas, etc, danificando-os.
- espalhar rumores negativos sobre a vítima;
- depreciar a vítima sem qualquer motivo;
- fazer com que a vítima faça o que ela não quer, ameaçando-a para seguir as ordens;
- colocar a vítima em situação problemática com alguém (geralmente, uma autoridade), ou conseguir uma ação disciplinar contra a vítima, por algo que ela não cometeu ou que foi exagerado pelo bully;
- fazer comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa (particularmente a mãe), sobre o local de moradia de alguém, aparência pessoal, orientação sexual, religião, etnia, nível de renda, nacionalidade ou qualquer outra inferioridade depreendida da qual o bully tenha tomado ciência;
- isolamento social da vítima;
- usar as tecnologias de informação para praticar o cyberbullying (criar páginas falsas, comunidades ou perfis sobre a vítima em sites de relacionamento com publicação de fotos etc);
- chantagem.
- expressões ameaçadoras;
- grafitagem depreciativa;
- usar de sarcasmo evidente para se passar por amigo (para alguém de fora) enquanto assegura o controle e a posição em relação à vítima (isto ocorre com frequência logo após o bully avaliar que a pessoa é uma "vítima perfeita");
- fazer que a vítima passe vergonha na frente de várias pessoas.
Bullying professor-aluno
O assédio
escolar pode ser praticado de um professor para um aluno.As técnicas mais
comuns são:
- intimidar o aluno em voz alta rebaixando-o perante a classe e ofendendo sua autoestima. Uma forma mais cruel e severa é manipular a classe contra um único aluno o expondo a humilhação;
- assumir um critério mais rigoroso na correção de provas com o aluno e não com os demais. Alguns professores podem perseguir alunos com notas baixas;
- ameaçar o aluno de reprovação;
- negar ao aluno o direito de ir ao banheiro ou beber água, expondo-o a tortura psicológica;
- difamar o aluno no conselho de professores, aos coordenadores e acusá-lo de atos que não cometeu;
- tortura física, mais comum em crianças pequenas; puxões de orelha, tapas e cascudos.
Tais atos
violam o Estatuto da Criança e do
Adolescente e podem ser denunciados em um Boletim de Ocorrência numa delegacia ou no Ministério Público. A revisão de provas pode ser
requerida ao pedagogo ou coordenador e, em caso de recusa, por medida judicial.
Em escolas,
o assédio escolar geralmente ocorre em áreas com supervisão adulta mínima ou
inexistente. Ele pode acontecer em praticamente qualquer parte, dentro ou fora
do prédio da escola.Alguns
sinais são comuns como a recusa da criança de ir à escola ao alegar sintomas
como dor de barriga ou apresentar irritação, nervosismo ou tristeza anormais.
Um caso
extremo de assédio escolar no pátio da escola foi o de um aluno do oitavo ano
chamado Curtis Taylor, numa escola
secundária em Iowa, Estados
Unidos, que foi vítima de assédio escolar contínuo por três anos, o que
incluía alcunhas jocosas, ser espancado num vestiário, ter a camisa suja com
leite achocolatado e os pertences vandalizados. Tudo isso acabou por o levar ao
suicídio
em 21
de Março de 1993.
Alguns especialistas em "bullies" denominaram essa reação extrema de
"bullycídio". Os que sofrem o bullying acabam desenvolvendo problemas
psíquicos muitas vezes irreversíveis, que podem até levar a atitudes extremas
como a que ocorreu com Jeremy Wade Delle. Jeremy se matou em 8 de
janeiro de 1991,
aos 15 anos de idade, numa escola na cidade de Dallas, Texas, EUA, dentro da sala de aula e em frente
de 30 colegas e da professora de inglês, como forma de protesto pelos atos de
perseguição que sofria constantemente. Esta história inspirou uma música (Jeremy)
interpretada por Eddie Vedder, vocalista da banda estadunidense
Pearl Jam.
Na última
década de 90, os Estados Unidos viveram uma epidemia de tiroteios em
escolas (dos quais o mais notório foi o massacre de Columbine). Muitas das crianças
por trás destes tiroteios afirmavam serem vítimas de bullies e que
somente haviam recorrido à violência depois que a administração da escola havia
falhado repetidamente em intervir. Em muitos destes casos, as vítimas dos
atiradores processaram tanto as famílias dos atiradores quanto as escolas.
Como
resultado destas tendências, escolas em muitos países passaram a desencorajar
fortemente a prática do assédio escolar, com programas projetados para promover
a cooperação entre os estudantes, bem como o treinamento de alunos como
moderadores para intervir na resolução de disputas, configurando uma forma de
suporte por parte dos pares.
O assédio
escolar nas escolas pode também assumir, por exemplo, a forma de avaliações
abaixo da média, não retorno das tarefas escolares, segregação de estudantes
competentes por professores incompetentes ou não-atuantes, para proteger a
reputação de uma instituição de ensino. Isto é feito para que seus programas e
códigos internos de conduta nunca sejam questionados, e que os pais (que
geralmente pagam as taxas) sejam levados a acreditar que seus filhos são
incapazes de lidar com o curso. Tipicamente, estas atitudes servem para criar a
política não-escrita de "se você é estúpido, não merece ter respostas; se
você não é bom, nós não te queremos aqui". Frequentemente, tais
instituições (geralmente em países asiáticos) operam
um programa de franquia com instituições estrangeiras (quase sempre ocidentais),
com uma cláusula de que os parceiros estrangeiros não opinam quanto a avaliação
local ou códigos de conduta do pessoal no local contratante. Isto serve para
criar uma classe de tolos educados, pessoas com títulos acadêmicos que
não aprenderam a adaptar-se a situações e a criar soluções fazendo as perguntas
certas e resolvendo problemas.
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