Durante o mandato de José Sarney, o Brasil finalmente ganhou uma nova
Constituição capaz de garantir uma série de direitos aos cidadãos e estabelecer
as tão almejadas eleições diretas. O primeiro presidente eleito diretamente
pelo povo após o período da ditadura militar foi o político Fernando Collor de
Mello, em 1989.
Embora viesse de um partido de pequena expressão na época, o PRN, Collor
conseguiu o apoio de diversos setores conservadores da sociedade e derrotou o
candidato do PT (Partido dos Trabalhadores), Luís Inácio Lula da Silva. Com a
imagem de um político jovem, venceu as eleições prometendo um processo de
modernização do Brasil e uma intensificação no combate à corrupção, aspecto que
o tornou conhecido como o “caçador de marajás”.
A grave situação econômica do país, especialmente a desenfreada inflação
herdada desde os governos militares, fez com que Collor desenvolvesse um plano
de recuperação da economia. Idealizado com o apoio da ministra da Fazenda,
Zélia Cardoso de Mello, o Plano de Reconstrução Nacional previa, entre outras
medidas, o congelamento de preços e salários, a redução de gastos públicos, a
criação de uma nova moeda – o Cruzeiro –, além do confisco temporário dos depósitos
bancários pelo período de 18 meses.
Embora tenha conseguido conter a inflação por certo período de tempo, o
plano, especialmente o bloqueio das contas correntes, gerou grande
descontentamento na população.
Ao mesmo tempo em que a popularidade do presidente caia, um grave escândalo
surgia. Em 1992, seu próprio irmão relatou a existência de um grande esquema de
corrupção a uma revista de grande circulação, o que resultou na abertura de uma
CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as denúncias.
Diversos setores da sociedade começaram a manifestar apoio ao afastamento de
Collor. Com pinturas verdes e amarelas nos rostos, os “caras pintadas”,
estudantes secundários e universitários, encabeçavam grandes passeatas em prol
do impeachment do presidente. Em 29 de setembro de 1992, o Congresso Nacional
decidiu pelo afastamento de Fernando Collor de Mello, que acabou renunciando ao
mandato em 30 de dezembro do mesmo ano.
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