Natural do Rio
Grande do Sul, o general Ernesto Beckmann Geisel venceu as eleições
indiretas de 1974 e se transformou no novo presidente do Brasil,
sucedendo o também militar Emílio Médici. Seu governo ficou marcado
pelos primeiros sinais de esgotamento do regime militar e de um futuro
processo de redemocratização.
Ernesto Geisel compunha uma ala mais branda das forças militares,
tendo, inclusive, se oposto à candidatura de Costa e Silva, considerado
o mais radical dos generais. Durante seu governo, as oposições
começaram a se reorganizar e a reiniciar um forte movimento contra o
regime, algo que não se viu durante o estável mandato de seu antecessor,
Médici.
Em parte, isso pode ser explicado pelo crescente descontentamento gerado pela crise econômica
pós-Milagre Econômico. Embora Geisel tenha criado o II Plano Nacional
de Desenvolvimento, o qual previa a expansão dos bens de capital e um
forte investimento nas empresas estatais, as medidas adotadas não
surtiram efeito e os problemas da inflação desenfreada e do alto
endividamento externo perduraram. Assim, até mesmo a burguesia
industrial, uma importante aliada dos militares anos anteriores, passou a
engrossar as forças de oposição.
O aumento do custo de vida
sem o devido reajuste de salários gerava grande insatisfação entre os
trabalhadores, que sequer tinham o direito de greve. Esse
descontentamento foi aumentando a tal ponto que, em 1978, os
metalúrgicos da região do ABCD paulista iniciaram um ciclo grevista
nunca antes visto na história do Brasil, mesmo com todas as proibições
autoritárias. O governo simplesmente não conseguiu conter as
reivindicações dos grevistas.
Setores da Igreja católica, estudantes universitários e membros da imprensa endossavam a oposição à violação dos direitos
humanos realizada pelo regime militar, o qual dava claros indícios de
desgaste. Todos estes aspectos, aliados à personalidade menos radical de
Geisel, contribuíram para o início de um processo de reabertura
política “lenta e gradual”, o qual logo resultou na extinção do Ato
Institucional n° 5.
Ernesto Geisel foi substituído pelo general João Batista Figueiredo, o último presidente do período da ditadura militar.
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